
Por ClimaInfo
Mais da metade da população brasileira – precisamente, 53% – concordam que as mudanças climáticas são um risco imediato. Outros 35% afirmam que a crise climática será um risco para as pessoas que viverão daqui a muitos anos.
Os números da mais recente pesquisa do Datafolha sobre o tema mostram que a grande maioria dos brasileiros – 88% – ainda leva bastante a sério a questão do clima. Contudo, em menos de um ano, quase dobrou o percentual de negacionistas no país, apesar da profusão de eventos extremos como ondas de calor sucessivas e secas que ajudaram a “torrar” a Amazônia e o Pantanal.
Segundo a pesquisa, a parcela de brasileiros que afirma que as mudanças climáticas não são um risco cresceu de 5%, em junho de 2024 – portanto, no mês seguinte à tragédia climática no Rio Grande do Sul – para 9%, em abril deste ano. A tendência de alta no negacionismo climático já havia sido captada pelo Datafolha em outubro do ano passado, quando 7% dos entrevistados disseram que não havia risco com a crise climática.
O número de pessoas que enxergam risco imediato nas mudanças do clima subiu apenas um ponto percentual entre junho do ano passado [52%] e abril, mas, em outubro, esse índice era de 60%. Ou seja, houve uma queda de sete pontos percentuais em cerca de seis meses.
Risco para o futuro
Quanto a quem acredita que a crise climática será um risco para o futuro, o percentual saiu de 32% em outubro do ano passado para 35% agora. No entanto, o índice atual é menor que o verificado em junho de 2024, quando 43% viam riscos futuros.
Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o aumento dos negacionistas não chega a ser expressivo. No entanto, ele reforça que há uma escalada das campanhas de desinformação climática, que ganharam fôlego com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.
Para Astrini, o dado que merece maior destaque é que a maioria da população percebe risco nas mudanças climáticas, seja imediato ou futuro. “É um recado importante para os governantes e tomadores de decisão: a demanda da sociedade é por ação imediata. E essa mensagem ganha ainda mais peso em um ano em que o Brasil vai sediar uma conferência do clima”, afirmou.