
Há cerca de 30 anos, Hari Hartmann saiu do Rio Grande do Sul com destino à Bahia, transferido pela empresa multinacional que trabalhava à época. Em pouco tempo, sua esposa Imelda Hartmann foi ao seu encontro em definitivo e, sem trabalho na cidade de Campo Formoso, interior do estado, começou a comprar roupas para revender.
Eles ainda não sabiam, mas era o primeiro passo para o que viria a se chamar Polo Salvador, uma indústria têxtil com mais de 50 colaboradores – 90% da mão de obra é feminina – que produz 1.500 camisas (capacidade máxima é de 2 mil peças) polo por dia para fardamentos corporativos e aplica mais de 40 ações sustentáveis, do chão de fábrica ao produto final.
“Sou geólogo e ambientalista. Não seria possível para nós criar um negócio preocupado exclusivamente com o lucro e que deixasse o meio ambiente de lado. Desde o início, nossa preocupação com o pilar ambiental e também econômico e social, foram fundamentais para que pudéssemos nos tornar o que somos hoje: um destaque no setor industrial da Bahia e do Brasil como uma empresa verde”, explica Hari Hartmann, diretor da empresa.
Sócia da Polo Salvador, Imelda Hartmann explica que a confecção dos produtos com insumos sustentáveis foi algo inegociável para eles. “Conseguimos criar linhas que incluem, por exemplo, o uso de garrafas PET recicladas, algodão orgânico livre de agrotóxicos ou pesticidas e fio biodegradável. Já as embalagens são recicladas ou biodegradáveis, então os clientes que compram conosco pelo Brasil afora conhecem as nossas condutas, apoiam e desejam fazer parte. O perfil do consumidor tem mudado e está mais atento a essas questões”, pontua.
Energia solar
Na fábrica e na loja própria, localizadas no bairro do Uruguai, região periférica de Salvador, há 172 placas solares instaladas que garantem a energia necessária para a produção fabril, o que garante a autossuficiência energética desde 2018. O custo médio com luz elétrica, que era de R$4 mil antes do processo de instalação, caiu drasticamente e hoje corresponde à taxa mínima, no valor de R$130,00.
Outra conduta importante aplicada na empresa é o sistema instalado para captação de água da chuva e dos equipamentos de ar condicionado. Ele permite que toda a água acumulada seja reutilizada, por exemplo, nas descargas dos banheiros, nas torneiras e para regar plantas, incluindo as 2 paredes verdes instaladas na entrada da fábrica e do auditório da empresa. Há ainda um sistema de bombeamento automático e torneiras ¾ voltas (que fecham automaticamente), instalados para garantir a economia da água encanada. As duas ações representam a economia, em média, de 10.000 mil reais ao mês.
Capital humano
“Buscamos utilizar os recursos e o capital humano, que é o bem mais importante da empresa, de maneira inteligente, unindo eficácia e eficiência. Nossa produção é 20% maior do que a média nacional e sabe por que isso é possível? Porque investimos no bem estar das pessoas que estão conosco, desde uma cadeira adequada para o trabalho e ginástica laboral para movimentar o corpo, às bonificações por metas alcançadas que fazem uma diferença significativa ao final do mês, considerando ainda que nossa mão de obra é majoritariamente feminina, com filhos e moram aqui na região”, destaca Marcelo Bervian, diretor de operações da Polo.
Quando o assunto é economia circular, a logística reversa e a destinação correta dos resíduos para reaproveitamento estão entre as prioridades. Na empresa, as camisas polo inutilizadas valem desconto na compra de peças novas e todas as camisas coletadas são transformadas em retalhos e doadas para uma creche que produz fuxicos, colchas e almofadas para vender, garantindo a manutenção da instituição.
Já as golas e punhos são utilizadas para a produção de sacos de dormir que são doados para pessoas em situação de rua. Como no processo de produção também há sobras de tecido, as doações chegam, em média, a 1 tonelada por mês. Já os resíduos sólidos como papelão e plástico, são destinados às cooperativas e ao coletivo de catadores de lixo e reciclagem que ficam próximos à fábrica. É a união do reaproveitamento com geração de renda e responsabilidade social.
Prêmios e certificações
Por ser um negócio amigo do meio ambiente, a Polo, que está há mais de 25 anos no mercado, coleciona diversos prêmios e certificações. Entre eles está a ZERO ENERGY, concedida pela internacional Green Building Council (GBC); o 11º, 12º e 13º prêmios socioambientais concedidos pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB); a medalha de mérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), como destaque nacional em sustentabilidade e inovação, além do Rótulo Ecológico homologado pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT).
Além disso, a parceria com a CHT, multinacional alemã referência na área de soluções químicas para o mercado, que resultou em um novo produto: uma camisa polo sustentável e tecnológica, composta por 50% Poliéster PET, 50% Algodão Certificado BCI e tecnologia BeSo HYGFEEL, solução que permite ao usuário vestir a polo mais vezes sem a necessidade de lavar logo após o uso, unindo praticidade, redução do consumo de água e de energia com as lavagens, além de oferecer conforto extremo e frescor prolongado.
Entre as conquistas mais recentes da empresa está recertificação a Declaração de Conformidade relativa ao Programa de Verificação ESG da ABNT, através da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), que foi desenvolvido de acordo com o documento ABNT – PR 2030. É uma declaração inédita no Brasil para o setor e ter sido eleita uma das 100 construções sustentáveis mais icônicas do planeta em concurso da presidência indiana do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.
“Estamos aqui demonstrando no dia a dia que é possível fazer negócio cuidando do meio ambiente e que, para isso, não importa o tamanho da empresa, basta ter propósito e fazer com que todos tenhamos responsabilidade com o meio ambiente e com as pessoas. Pequenas ações geram grandes resultados”, finaliza Hari.