Desmatamento na Amazônia faz França e EUA endurecerem relação comercial com o Brasil

Macron tem priorizado questões ambientais em sua estratégia política e eleitoral/Fórum Econômico Mundial / Pascal Bitz

O governo francês segue fazendo “jogo duro” contra a política ambiental de Bolsonaro.

Em sessão do Fórum Econômico Mundial na sexta-feira, 29 de janeiro, o ministro de comércio daquele país, Franck Riester, afirmou que a França não pretende aprovar o acordo comercial Mercosul-União Europeia sem garantias por parte das autoridades brasileiras de que a intensificação do comércio entre os dois blocos não causará o aumento do desmatamento na Amazônia: “É inconcebível que o aumento do comércio incremente também a importação de desmatamento”.

Como lembrou Ana Estela de Sousa Pinto na Folha, sob pressão crescente de grupos ambientalistas, Macron tem priorizado questões ambientais em sua estratégia política e eleitoral. Lembremo-nos que o país irá às urnas em 2022 e que Macron deve concorrer à reeleição.

Dentro da UE, a França também tem sido uma das principais vozes pela intensificação das medidas e metas ambientais europeias, em particular dentro da política comercial do bloco.

Esforços aquém

Em tempo: o Brasil precisa fazer mais para combater o desmatamento e minimizar os riscos ambientais atrelados a investimentos internacionais no país, alertou na semana passada a seguradora norueguesa Storebrand, após reunião com representantes do governo Bolsonaro.

Em comunicado, o diretor-executivo da Storebrand, Jan Erik Saugestad, reconheceu esforços recentes do governo nesse sentido, como a Operação Verde Brasil 2, mas ressaltou que os resultados ainda estão muito aquém do necessário para reverter a escalada da devastação ambiental na Amazônia: “A tendência de aumento do desmatamento no Brasil torna cada vez mais difícil para empresas e investidores atender às suas ambições ambientais, sociais e de governança”, disse Saugestad.

Biden pressionado

Também na sexta-feira, um grupo bipartidário de ex-gestores e negociadores climáticos dos EUA propôs à Casa Branca que a conservação da Amazônia seja uma prioridade na política climática do governo de Joe Biden. Desde a campanha eleitoral, o presidente norte-americano vem ressaltando sua preocupação com a situação da Amazônia, particularmente no Brasil.

O plano submetido a Biden incorpora uma de suas propostas eleitorais – a criação de um fundo internacional para financiar a conservação florestal na Amazônia – e propõe, também, a utilização da política comercial como ferramenta de reforço à fiscalização e ao controle de cadeias de fornecimento, de modo a evitar a importação de produtos associados a atividades geradoras de desmatamento.

Troca da dívida

Segundo o NY Times, o grupo também sugeriu o estudo da possibilidade de troca da dívida externa de países amazônicos pela conservação da floresta.

O plano reforça a pressão internacional sobre o Brasil, a qual, por conta da escalada da devastação ambiental, deve seguir aumentando.

No Estadão, o jornalista Paulo Sotero ressaltou como a falta de habilidade política e diplomática de Bolsonaro e do chanceler Ernesto Araújo já causou prejuízos ao Brasil no relacionamento com os EUA em menos de duas semanas.

(Com informações do ClimaInfo)

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