Os quatro grupos de trabalho do Hub de Economia Circular Brasil

Hub com foco na Economia Circular reúne grandes empresas

O Hub de Economia Circular Brasil (Hub-EC), que busca acelerar a implementação da Economia Circular no país a partir da integração de empresas de vários setores e portes em negócios circulares, definiu recentemente os quatro clusters que vão materializar parcerias e soluções entre os participantes.

A iniciativa da Exchange 4 Change Brasil (E4CB), organização com o propósito de orientar a transição para esse novo paradigma econômico, já conta com 16 membros, que vêm unindo esforços para transformar suas cadeias produtivas.

Os grupos de trabalho são: Novas Cadeias de Fornecimento de Plástico Filme, Logística Reversa de Linha Branca, Resina Reciclada e Design Circular.

O Hub-EC foi lançado em janeiro de 2020 e, desde então, a E4CB vem realizando webinários com parceiros internacionais, diagnósticos individualizados para os membros e reuniões conjuntas com os participantes e convidados.

As discussões têm o intuito de estimular novas relações comerciais entre as empresas com base nos princípios da circularidade, remodelando processos e articulando a integração da cadeia produtiva em um formato orientado para resultados.

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Soluções circulares

Nesta nova etapa de trabalho do HUB-EC, as empresas envolvidas irão participar de discussões
internas, alinhadas aos objetivos de trabalho do Hub-EC e dos demais membros, para mapear
soluções escaláveis e implementar pilotos para teste de validação.

Para a fundadora da E4CB e diretora do HUB-EC, Beatriz Luz, a Economia Circular rompe com a lógica linear de exploração, produção, consumo e descarte, sempre focada no lucro: “Lá na frente, as empresas vão precisar pagar a conta da escassez de recursos e dos riscos tomados. A Economia Circular oferece um novo equilíbrio econômico, em que lucro e valor estão mais próximos e conectados do que nunca. O investimento é sempre necessário, mas seu retorno será baseado em novas regras e valores. Indicadores como responsabilidade socioambiental, posicionamento estratégico e exigências do consumidor mostram que a remodelagem da cadeia gera um valor excepcional para todos os elos. É uma solução de longo prazo, na qual os retornos são contabilizados de outra forma.”

Empresas e parceiros

Os 16 membros atuais do HUB-EC são: Electrolux; Gerdau; Nespresso; Covestro; Tomra; Plastiweber; RCR Ambiental; Wise; Sinctronics/Fit/Flex (grupo de empresas); Equipa Group; Cempre; Rhein Advogados; Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri); Casa da Moeda do Brasil; Senai CETIQT; e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Além disso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) são parceiros do hub.

“A busca por soluções e modelos de negócios circulares já é uma premissa da Electrolux e, dentro do nosso pilar de Better Solutions, que visa entregar soluções de impacto positivo para sociedade e melhorar a experiência de nossos consumidores, temos como objetivo implementar, cada vez mais, o conceito de economia circular em nosso modelo de negócios. Vemos o hub como uma iniciativa importante e necessária para essa construção, e não temos dúvidas de que a interação entre diferentes atores e setores é imprescindível para avançarmos nesta direção”, comenta João Zeni, diretor de Sustentabilidade para Electrolux América Latina.

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Clusters para a Economia Circular

Neste início do segundo ano do Hub de Economia Circular Brasil, quatro subgrupos de trabalho foram estabelecidos a partir de interesses em comum, para que as empresas participantes pudessem buscar juntas as soluções para seus negócios.

“A transição para a Economia Circular só é possível se houver ganho de escala nas cadeias produtivas, a partir do contato entre empresas para que entendam como podem ajudar umas às outras, desenvolver novas matérias-primas, traçar estratégias de logística, entre outros processos. O hub foi criado para fazer essa mediação e articular conexões inusitadas. Para que uma empresa adote o mindset circular, ela precisa trazer todos os seus departamentos para a mesa de discussão e integrar a sua cadeia com outras cadeias produtivas”, explica Beatriz Luz.

Plástico filme é reciclável

O objetivo do primeiro cluster é potencializar o reaproveitamento do plástico filme, material que muitas pessoas não sabem que é reciclável. Empresas como Plastiweber, Tomra e RCR Ambiental estão juntas no hub para aumentar o volume de material coletado, otimizar a cadeia e consolidar a circularidade do plástico filme.

Já o segundo grupo, composto por empresas como Electrolux, Gerdau e Covestro, trabalha para ampliar o reaproveitamento da linha branca e a transformação em novos produtos. Para isso, estuda-se como viabilizar a logística reversa para que os materiais retornem para novos ciclos produtivos, sendo necessária uma definição da função de cada ator na cadeia.

Resina reciclada

Há também um sub grupo voltado à agregar valor a resina reciclada considerando sua aplicabilidade
em produtos, garantindo qualidade e performance. Neste cluster, empresas membros buscam,
paralelamente, compreender os desafios e contextos da cadeia de resinas recicladas, para identificar
possíveis oportunidades de melhoria a serem aplicadas individualmente nas operações das
respectivas empresas. Os materiais reciclados seriam, portanto, vistos como um sétimo recurso
adicionado a listas dos recursos naturais existentes na natureza – água, ar, carvão, petróleo, gás
natural e minerais.

Nesse contexto, o Hub-EC articula e promove a comunicação entre os membros participantes de
forma a estimular novas métricas e bases de referência para fomentar um novo olhar para as
dinâmicas de mercado, com foco na transição para uma economia circular. Além disso, o Hub-EC
promove em todos os sub grupos projetos que visam propor a co-criação de soluções inseridas neste
novo mindset de negócios circulares

“O grande diferencial do HUB-EC é a visão global do mercado que proporciona aos participantes, mostrando que as empresas precisam ir muito além de iniciativas pontuais. Além de servir como um instrumento de conscientização, estamos entendendo como transformar conceitos em projetos práticos, grandes e relevantes. As empresas influenciam umas às outras; uma quantidade cada vez maior delas vai compreender que, se não começarem a transição para a economia circular agora, uma hora vão ter que fazê-lo”, analisa o CEO da Wise, Bruno Igel.

Por fim, a Nespresso lidera o caso do quarto cluster, voltado para o design circular. O intuito é mostrar que o alumínio é um material circular e que as cápsulas de café podem ser utilizadas para novos produtos, valorizando a performance e o design. Essa solução já é aplicada pela Nespresso na Europa, e o HUB-EC busca trazê-la para a realidade brasileira.

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