SPVS e Fundação Loroparque lançam mini doc sobre importância da conservação do papagaio-de-peito-roxo

Vídeo fala sobre desafio de trabalhar pela conservação da espécie por meio do acompanhamento populacional e reprodutivo dos papagaios
Vídeo fala sobre desafio de trabalhar pela conservação da espécie por meio do acompanhamento populacional e reprodutivo dos papagaios/Foto: Gabriel Marchi / Divulgação SPVS

Por Claudia Guadagnin

A SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) e a Fundação espanhola Loro Parque lançaram, no final de abril, um mini documentário, disponível no YouTube da SPVS, para evidenciar os trabalhos de proteção e conservação do papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), conduzido desde 2018, em parceria entre as instituições.

O material busca promover informações sobre a importância desse trabalho. A parceria entre a Loro Parque e a SPVS é de longa data: desde 2005, quando a Fundação Loro Parque começou a apoiar as ações de conservação de outra espécie, o papagaio-de-cara-roxa, que também é alvo de outro projeto da SPVS.

O mini documentário, de pouco mais de sete minutos, fala sobre o desafio de trabalhar pela conservação do papagaio-de-peito-roxo – por meio do acompanhamento populacional e reprodutivo da espécie, a partir da contagem de quantos indivíduos existem na natureza – e do registro e acompanhamento dos filhotes em seus ninhos naturais e artificiais. Também destaca a importância da parceria com os moradores locais.

Diferentemente de outras espécies de aves, os papagaios não produzem os próprios ninhos. Eles dependem de cavidades naturais, normalmente troncos de árvores mais antigas, como as canelas, para fazer a postura dos ovos e a criação dos filhotes nos primeiros dias de vida.

Vítimas do desmatamento

Ocorre que, na medida em que a Mata Atlântica, e seus ecossistemas associados, como a Floresta com Araucária, onde vive esta ave, são vítimas do desmatamento, as árvores e, por consequência, as cavidades, vão ficando cada vez mais escassas. As florestas são os ambientes onde os papagaios encontram abrigos, dormitórios, sítios reprodutivos e também alimentos, já que o pinhão, e outros frutos e sementes nativas da Mata Atlântica, são as principais fontes de alimentação da espécie.

E foi por observar a gravidade do cenário da Mata Atlântica, tanto no planalto, quanto em regiões de planície, que a SPVS iniciou um trabalho de conservação de fauna, na década de 1990, com apoio de inúmeros parceiros. As primeiras ações de conservação voltadas a espécies de papagaios ocorreram no litoral, com o papagaio-de-cara-roxa. A partir desta experiência, pouco depois, em 2005, foi possível expandir as ações também para o papagaio-de-peito-roxo em áreas de Floresta com Araucária no estado do Paraná.

Papagaios endêmicos da Mata Atlântica

Tanto o papagaio-de-peito-roxo, quanto o papagaio-de-cara-roxa, são endêmicos da Mata Atlântica, o que significa que só existem nesse bioma, e estão classificados como espécies que merecem atenção, de acordo com  a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção do MMA (2022). O papagaio-de-peito-roxo está classificado como “Vulnerável”, e o papagaio-de-cara-roxa como “Quase Ameaçado”. Ambas as classificações são preocupantes e exigem permanentes esforços para a proteção das espécies.

Além da perda de habitat, outra principal ameaça à sobrevivência das espécies é o tráfico de animais, uma prática muito mais intensa em anos passados, mas que ainda hoje margeia a região de atuação dos projetos.

O projeto de conservação do papagaio-de-peito-roxo, realizado entre SPVS e Fundação Loro Parque, inclui análise de cenário, conversas e exposições de educação ambiental com moradores locai, além de aproximações com monitores e gestores de áreas particulares e Unidades de Conservação (UCs) nas quais o projeto atua, por exemplo.

As principais áreas de monitoramento do papagaio-de-peito-roxo no estado do Paraná são alguns municípios da Região Metropolitana de Curitiba, como Campina Grande do Sul, Tunas, Adrianópolis e Bocaiúva do Sul. No ano de 2024, será também realizado o monitoramento da espécie no Parque Estadual de Lauráceas e áreas do entorno.

Por meio das visitas técnicas nessas regiões espera-se mapear quais áreas são mais utilizadas pelos papagaios ao longo das estações do ano. Estimativas oficiais indicam que, atualmente, existam em torno de apenas cinco mil indivíduos de papagaios-de-peito-roxo em toda área de ocorrência da espécie.

Grande Reserva Mata Atlântica

Partes importantes do território onde vive o papagaio-de-peito-roxo ficam localizadas na Grande Reserva Mata Atlântica, uma área que reúne três milhões de hectares de floresta nativa, localizada entre os Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. O território é um importante patrimônio natural, cultural e histórico e um valioso e singular destino de turismo de natureza, nacional e internacional.

“Com todos os esforços que promovemos com o envolvimento direto de importantes parceiros, como a Loro Parque, o que mais queremos é que possamos, juntos, minimizar as ameaças que existem contra o papagaio-de-peito-roxo. Quando percebemos que pessoas em geral, e os moradores da comunidade nas quais trabalhamos, entendem importância da espécie na natureza, sabemos que estamos cumprindo com o nosso objetivo”, diz Elenise Sipinski, coordenadora dos projetos de fauna da SPVS.

Conheça mais sobre o trabalho desenvolvido acessando o site da SPVS, assistindo ao vídeo e compartilhando o conteúdo com quem você acha que deve conhecer essa iniciativa!

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