10 iniciativas para você ser mais sustentável

Por Estúdio CORREIO

Iniciativas ambientalmente corretas não devem ser exclusividade de governos e empresas, uma vez que a sustentabilidade também diz respeito aos cidadãos. Nesse sentido, um bom exemplo é o do médico gaúcho Mário Amici Neutzling. Radicado em Salvador desde 2001, o cirurgião ficou inconformado quando ouviu o barulho ensurdecedor de uma motosserra invadir seu apartamento, no Alto do Itaigara, em uma manhã de domingo de 2010. Depois daquele dia, sua vida ganharia um novo sentido. “Ao olhar pela janela vi uma turma derrubando umas árvores para construir um stand de vendas de um condomínio de luxo. Fiquei maluco com aquilo”, relembra.

Amici foi então ao encontro dos desmatadores, quando ouviu de um dos operadores da máquina: “Aqui você não apita nada!”. Naquele momento, o médico percebeu que precisava se organizar para transformar a indignação em ação. “Vi que precisava criar uma associação de moradores, dentro daquela ideia de que sozinhos somos fracos e juntos somos fortes. Comecei a pensar em um nome. O sujeito disse que eu não apitava nada, então a associação vai se chamar Apita – Amigos Pelo Itaigara. Porque eu apito sim”.

“Eu cuido e educo meus filhos para cuidarem dos equipamentos urbanos. Procuro acima de tudo dar o exemplo” 
Mário Amici, presidente da Apita – Amigos Pelo Itaigara

Com a chegada do Dia dos Pais, Amici comprou algumas mudas e convidou amigos para, juntamente com os filhos, plantarem as árvores em terrenos baldios do Itaigara. Ele então começava a montar sua equipe de escudeiros para seguir a jornada, que segue até hoje. “Eu cuido e educo meus filhos para cuidarem dos equipamentos urbanos. Procuro acima de tudo dar o exemplo”, afirma o médico.

Consumo consciente
Além de incentivar o plantio de árvores no bairro onde mora, Amici procura adotar um consumo consciente ao evitar comprar produtos desnecessários apenas por “modismo”, que mais dia menos dia acabarão na lixeira. “Se algo estraga, procuro consertar em vez de logo descartar e substituir por algo novo. Evito descartáveis, sacos plásticos ou desperdiçar energia elétrica ou água na vida cotidiana”, pontua.

Reduzir a geração de resíduos passa, na visão do médico, pela escolha de viver mais experiências do que obter o que é supérfluo. “Além disso, em minha casa fazemos compostagem dos resíduos orgânicos e segregamos o lixo. Busco estar informado sobre as questões ambientais, pois, para fazer as escolhas corretas, seja de produtos ou de um político que irá ser meu representante, isso é fundamental”, defende.

Consciência ambiental
A empreendedora e jornalista Clara Correa utiliza a bicicleta em vez do carro para curtas e médias distâncias. Além disso, costuma trocar e alugar roupas, no lugar de comprá-las. E se engana quem pensa que essas escolhas são justificadas apenas por uma questão de economia. O propósito é a consciência ambiental. “Quando a gente compreende que tudo o que fazemos importa e impacta no aquecimento global, começamos a ter uma atitude menos consumista e mais preocupada em entender a cadeia produtiva do que queremos ou precisamos consumir”, explica.

A empreendedora e jornalista Clara Correa utiliza a bicicleta em vez do carro para curtas e médias distâncias (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo Correio)

A jornalista se baseia no fato de que as atividades humanas, por mais simples que sejam, causam impactos ao meio ambiente. Nesse sentido, atitudes ambientalmente corretas ajudam a reduzir essas consequências nocivas. “As pessoas costumam achar que se trata de algo distante, de ursos polares e esquecem que o calor excessivo, as chuvas fora de época e a seca são reflexos disso”, argumenta.

“As pessoas costumam achar que se trata de algo distante, de ursos polares e esquecem que o calor excessivo, as chuvas fora de época e a seca são reflexos disso” 
Clara Correa, jornalista

Compostagem de resíduos
Você já refletiu sobre a quantidade de lixo que gera em sua casa? E se ao menos metade pudesse ser reaproveitada? Esse é um dos propósitos da compostagem doméstica de resíduos orgânicos, uma prática que ganha cada vez mais adeptos em Salvador. Motivos não faltam. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, cerca de 55% do lixo produzido no Brasil é composto por resíduos orgânicos, que sofrem o soterramento nos aterros e lixões, impossibilitando sua biodegradação.

A compostagem permite a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas, legumes, podas de jardim, serragem, etc.) em adubo. Essa técnica se trata de um processo biológico o qual acelera a decomposição do material orgânico, e que tem como produto final o composto orgânico. “A quantidade de resíduos que eu produzia me incomodava bastante. Pesquisei sobre compostagem na internet e vi que poderia ser feita de maneira simples na minha casa, até mesmo com balde de manteiga”, recorda a professora Simone Santana.

Atualmente com sete anos, a filha de Simone já segue os passos da mãe. “Ela já toca na terra, pega nas minhocas e convida as coleguinhas para conhecer a compostagem”, destaca a professora. Além de reduzir a quantidade de resíduos e gerar adubo sólido, a prática também resulta no “chorume do bem”, um biofertilizante líquido que pode ser usado nas plantas e jardins.

“Estamos em um país que recicla tão pouco. Compostar é uma maneira de retornar para terra aquilo que pegamos dela”
Simone Santana, professora

Semana do Clima
Atitudes inspiradoras como as de Mário Amici, Clara Correa e Simone Santana contribuem para a redução das emissões dos gases de efeito estufa, uma das principais causas das mudanças climáticas e, consequentemente, do aquecimento global, de acordo com cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre o Clima).

Esse importante tema estará em discussão na Semana LatinoAmericana e Caribenha de Clima (Climate Week ou Semana do Clima), de 19 a 23 de agosto, no Salvador Hall ( Av. Luis Viana Filho s/n, Wet n Wild – Paralela). Organizado pela ONU, o evento objetiva sensibilizar e apoiar os membros da nossa sociedade nos países em desenvolvimento, em nível regional, para alcançar a neutralidade climática global até meados deste século. As inscrições podem ser feitas pelo site www.regionalclimateweeks.org até 18 de agosto.

O CORREIO listou, com base em informações do Instituto Akatu, dez iniciativas para você ser mais sustentável:

1 – Economize água
A água é um recurso natural fundamental para a sobrevivência dos seres vivos e indispensável também como recurso para produção, desenvolvimento econômico e qualidade de vida.

2 – Poupe energia
Uma das maneiras mais simples de ajudar a reduzir os danos ao planeta e ainda economizar um bom dinheiro é diminuindo seu consumo energético. As residências e o comércio do Brasil já são responsáveis pelo consumo de 42,5% de toda a eletricidade utilizada no país.

3 – Evite o desperdício de alimentos
Na hora de comprar alimentos também podemos adotar medidas simples que evitam o desperdício de água, gás, combustível e comida. Antes de sair para o supermercado, planeje o cardápio da semana. Desse modo, você compra apenas o suficiente, sem deixar que nada se estrague desnecessariamente.

4 – Coma menos carne
Você sabia que para produzir um quilo de carne bovina são necessários 15.400 litros de água (1.525 galões)? O dado é da organização internacional Water Footprint. Se cortar de vez a carne do cardápio está além da sua boa vontade, experimente começar aos poucos.

5 – Reutilize, Reaproveite e Recicle
Inclua no seu cotidiano os famosos 3R’s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. O primeiro passo é sempre pensar em reduzir o consumo, seguido de reutilizar ou consertar o que puder, para somente depois começar a pensar na reciclagem.

6 – Ande mais de transporte público
Você pode começar alternando os dias e deixando o carro na garagem algumas vezes por semana. Experimente diferentes meios de transporte, como ônibus, metrô, bicicleta ou a pé, e veja o que é melhor de acordo com a sua realidade.

7 – Seja um consumidor consciente
Todos são responsáveis por promover um consumo consciente e justo – para quem produz, para quem compra e para o meio ambiente. Por isso, faça a sua parte e aja como um comprador responsável, estando atento a todos os detalhes do produto ou serviço que for consumir.

8 – Preserve as árvores e rios
Não realize podas ilegais e nunca desmate uma área. É importante também não colocar fogo em propriedades, pois isso pode atingir matas preservadas. Nunca coloque lixo em rios, lagos e outros ambientes aquáticos e, principalmente, preserve a mata em volta desses locais. Essa mata protege contra erosão e assoreamento. Plantar árvores também é fundamental.

9 – Seja voluntário
Organize seu tempo, escolha uma instituição com a qual você se identifica e seja um voluntário. Não é preciso nada mais além de disposição para ajudar. Pode ser no auxílio a pessoas doentes, no recolhimento de cães desabrigados ou defendendo a Amazônia – o importante é fazer a sua parte.

10 – Informe-se
A informação é uma das maiores ferramentas para uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável. Por isso, toda vez que for escolher um produto ou serviço, que for tomar alguma decisão ou formar uma opinião, informe-se muito bem. Um cidadão bem informado é capaz de tomar atitudes mais coerentes e responsáveis e provocar as mudanças que o mundo precisa.

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