Conheça as principais conclusões do Relatório Estado do Clima

Campo de produção de energia eólica na Alemanha. Foto: © Karsten Würth/Unsplash

As concentrações de gases de efeito estufa, a elevação do nível do mar, o aquecimento e acidificação dos oceanos tiveram novos recordes em 2021, de acordo com o último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado nesta quarta-feira, 18 de maio.

O relatório Estado do Clima 2021 indica que o clima extremo – causado pelas mudanças climáticas – custou vidas, insegurança alimentar e crise hídrica, levando a uma perda econômica de centenas de bilhões de dólares no último ano.

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O relatório, que descreve sinais ainda mais claros de que a atividade humana está causando danos em escala planetária – a terra, ao oceano e a atmosfera – também confirma que os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados, com a temperatura global em 2021 atingindo cerca de 1,1 °C acima dos níveis pré-industriais.

“É apenas uma questão de tempo até vermos outro ano mais quente já registrado. Nosso clima está mudando diante de nossos olhos. O calor emitido pelos gases de efeito estufa aquecerá o planeta por muitas gerações”, alertou o chefe da OMM, Petteri Taalas. “A elevação do nível do mar, aquecimento dos oceanos e a acidificação continuarão por centenas de anos, a menos que sejam criadas formas de retirar o carbono da atmosfera”.

Um plano para energias renováveis

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o tempo está se esgotando para evitar os piores impactos da crise climática, mas há uma ‘salvação’ bem na frente de nós.

“Devemos acabar com a poluição por combustíveis fósseis e acelerar a transição para energia renovável antes de destruir a nossa única casa”, enfatizou em uma mensagem de vídeo.

Destacando que as tecnologias de energia renovável, como a eólica e a solar, estão prontamente disponíveis e, na maioria dos casos, mais baratas que o carvão e outros combustíveis fósseis, o chefe da ONU propôs cinco ações para impulsionar a transição energética, que ele chamou de “projeto de paz do século 21″.

1. Tratar as tecnologias de energia renovável como bens públicos globais essenciais

Isso significa remover os obstáculos do compartilhamento de conhecimento e transferência de tecnologia, incluindo as restrições de propriedade intelectual.

Guterres pediu uma nova coalizão global sobre armazenamento de baterias liderada por governos e reunindo empresas de tecnologia, fabricantes e financiadores para acelerar a inovação e a distribuição.

2. Garantir, ampliar e diversificar os componentes de fornecimento e matérias-primas para tecnologias de energia renovável

As cadeias de fornecimento de tecnologia de energia renovável e matérias-primas estão concentradas em alguns países, e é necessária mais coordenação internacional para superar esse obstáculo.

3. Construir estruturas e reformar as burocracias dos combustíveis fósseis

O chefe da ONU está pedindo aos governos que agilizem e otimizem as aprovações de projetos solares e eólicos, modernizem as redes e estabeleçam metas ambiciosas de energia renovável que forneçam segurança a investidores, desenvolvedores, consumidores e produtores.

4. Alterar os subsídios dos combustíveis fósseis

A cada ano, governos de todo o mundo gastam cerca de meio trilhão de dólares para reduzir artificialmente o preço dos combustíveis fósseis – mais do que o triplo dos subsídios concedidos às energias renováveis.

“Enquanto as pessoas sofrem com os altos preços na bomba, a indústria de petróleo e gás está faturando bilhões em um mercado distorcido. Esse escândalo tem que parar”, destacou Guterres.

5. Investimentos privados e públicos em energia renovável devem triplicar

O chefe da ONU está pedindo um ajuste nas estruturas de risco e mais flexibilidade para aumentar o financiamento renovável. “É hora de impulsionar a transição para as energias renováveis ​​antes que seja tarde demais”, pediu o secretário-geral.

Emergência climática

O plano do chefe da ONU está muito atrasado, uma vez que o clima extremo continua a impactar milhões de vidas nas últimas semanas, como visto na emergência da seca no Chifre da África, as inundações fatais na África do Sul e o calor extremo na Índia e Paquistão.

O relatório Situação do Clima Global da OMM complementa a última avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que incluiu apenas dados até 2019, e será usado como documento de negociação durante a próxima Conferência do Clima da ONU no Egito (COP 27) ainda este ano.

Notícia Sustentável integra a série especial “As Energias do Nordeste”

Aqui estão algumas de suas principais descobertas:

– Concentrações de gases de efeito estufa: Os níveis atingiram uma nova alta global em 2020 e continuaram a aumentar em 2021, com a concentração de dióxido de carbono atingindo 413,2 partes por milhão globalmente, um aumento de 149% em relação aos níveis pré-industriais.

– Aquecimento do oceano: Mais um recorde de alta. A profundidade superior de 2.000m da água do oceano continuou a aquecer em 2021 e espera-se que continue a aquecer no futuro – uma mudança que é irreversível e afeta profundamente os ecossistemas marinhos, assim como os recifes de coral.

– Acidificação do oceano: Em função do excesso de dióxido de carbono (CO2) que o oceano está absorvendo (cerca de 23% das emissões anuais), suas águas estão cada vez mais acidificadas. Isso tem consequências para os organismos e ecossistemas, e também ameaça a segurança alimentar e o turismo. A diminuição do nível de PH também significa que a capacidade do oceano de absorver CO2 da atmosfera também diminui.

– Elevação do nível do mar: O nível do mar aumentou um recorde de 4,5 mm por ano no período 2013-2021, principalmente devido à perda acelerada de massa de gelo das placas de gelo. Isso tem grandes implicações para as centenas de milhares de pessoas que vivem nos litorais, além de aumentar a vulnerabilidade aos ciclones tropicais.

– Criosfera: As geleiras do mundo que os cientistas usam como referência diminuíram 33,5 metros desde 1950, com 76% acontecendo desde 1980. Em 2021, as geleiras do Canadá e do noroeste dos EUA tiveram uma perda recorde de massa de gelo devido às ondas de calor e incêndios em junho e julho. A Groenlândia também experimentou um excepcional degelo em meados de agosto e a primeira chuva registrada em seu ponto mais alto.

– Ondas de calor: O calor quebrou recordes no oeste da América do Norte e no Mediterrâneo em 2021. Death Valley, Califórnia, atingiu 54,4 °C em 9 de julho, igualando um valor semelhante em 2020 como o mais alto registrado no mundo desde pelo menos a década de 1930, e Syracuse, na Sicília, atingiu 48,8 °C. Uma onda de calor na Colúmbia Britânica, no Canadá, causou mais de 500 mortes e provocou incêndios florestais devastadores.

– Inundações e Secas: As inundações causaram perdas econômicas de US$ 17,7 bilhões na província de Henan, na China, e 20 bilhões na Alemanha. Foi também um fator que levou a perda de vidas. As secas afetaram muitas partes do mundo, incluindo o Chifre da África, América do Sul, Canadá, oeste dos Estados Unidos, Irã, Afeganistão, Paquistão e Turquia. A seca no Chifre da África se intensificou até 2022.

A África Oriental lida com a perspectiva muito real de que as chuvas vão falhar pela quarta temporada consecutiva, colocando a Etiópia, o Quênia e a Somália em uma seca de duração não experimentada nos últimos 40 anos .

– Segurança alimentar: Os efeitos combinados de conflitos, eventos climáticos extremos e choques econômicos, ainda mais exacerbados pela pandemia de COVID-19, minaram décadas de progresso para melhorar a segurança alimentar globalmente.

O agravamento das crises humanitárias em 2021 também levou a um número crescente de países em risco de fome. Do número total de pessoas desnutridas em 2020, mais da metade vive na Ásia (418 milhões) e um terço na África (282 milhões).

– Deslocamento: Desastres naturais relacionados à água continuaram a contribuir para o deslocamento interno. Os países com os maiores números de deslocamentos registrados em outubro de 2021 foram China (mais de 1,4 milhão), Filipinas (mais de 386.000) e Vietnã (mais de 664.000).

(Via ONU News)

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