Quanto custa garantir a emissão zero de carbono até 2050?

Energias renováveis, como a eólica, são a chave para emissões zero/Foto: © Appolinary Kalashnikova/Unsplash

Apesar de crises energéticas e desafios internacionais, o mundo ainda tem como alcançar a neutralidade em carbono se tomar as providências certas. Esta é a conclusão de um relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece), divulgado na segunda-feira, 19 de setembro.

O documento reflete a opinião de peritos internacionais e estatísticos da Europa, da América do Norte e Ásia Central, e lista uma série de soluções políticas e de tecnologia para a região alcançar a neutralidade em carbono até 2050.

O estudo revela que o investimento em energia com base no Produto Interno Bruto (PIB), terá de subir de 1,24% em 2020 para 2,05% por ano entre 2025 e 2050.

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Isso elevaria o montante necessário para algo entre 44,8 trilhões e 47,3 trilhões de dólares até 2050, considerando qualquer atraso adicional na tomada de ações.

Estragos caros

A falta de ação custa muito mais para a sociedade. Um dos exemplos são os custos de eventos causados por temperaturas extremas, registrados neste verão e durante os últimos anos. A comissão da ONU afirma que os governos precisam abraçar as políticas de apoio à neutralidade em carbono criando formas de financiar uma transição justa para sistemas energéticos neutros em carbono.

Alcançar uma transição energética justa e equitativa é “um dos maiores desafios que o nosso mundo enfrenta”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, na reunião do Conselho do Pacto Global no domingo.

Atualmente, mais de 80% do mix de energia primária em países cobertos pela Unece é baseado em combustíveis fósseis. Os modelos climáticos indicam que as ações nacionais, no momento, e os alvos internacionais do Acordo de Paris e da COP26 falham na neutralidade em carbono e na meta de manter a temperatura global em até 2ºCelsius.

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Metas

O relatório indica que para alcançar a neutralidade será preciso:

  • diversificar o fornecimento de energia usando tecnologias de baixo e zero carbono;
  • acelerar a eliminação gradual de combustíveis fósseis;
  • aumentar a eletrificação de todos os setores com foco na energia renovável e na energia nuclear;
  • novas formas de armazenamento de energia (elétrico, mecânico, térmico e químico) precisarão de ser desenvolvidas para reduzir a necessidade de backup energético;
  • Também será preciso construir a capacidade para apoiar a inovação generalizada de tecnologias de baixo e zero carbono incluindo sequestro, uso e armazenamento de carbono, hidrogênio e energia nuclear avançada.

Ainda que as abordagens sejam diferentes no nível sub-regional na Europa, o relatório aponta políticas específicas para os governos. O documento também pede o aumento da transferência de tecnologia e a mobilização da capacidade institucional para dirigir sistemas de energia transformadores. Essas ações podem apoiar a adoção dessas medidas por todos os interessados para formar sistemas neutros em carbono seguros e acessíveis.

Os países devem também levar em conta o impacto comparativo das tecnologias. O relatório lembra que uma cooperação internacional coordenada é essencial para alcançar a neutralidade em carbono. A agência da ONU fornece uma plataforma para esses novos padrões, regras e normas de um estilo de vida que integre essas mudanças em parcerias público-privadas.

Evento

Nesta semana, o Palácio das Nações, sede da ONU em Genebra, abriga a Semana da Energia Sustentável que conta com representantes dos 56  países da Unece. O evento debate a formação de sistemas mais limpos de energia.

Os organizadores lembram que a Covid-19 foi apenas uma de uma série de crises enfrentadas pela região europeia o que se traduz em desafios e expõe as vulnerabilidades dos sistemas energéticos.

(Via ONU News)

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