O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, realizou na quarta-feira, 2 de dezembro, uma palestra na Universidade de Columbia, em Nova York, sobre o Estado do Planeta e a crise climática.
Para o chefe das Nações Unidas, o “estado do planeta está quebrado.” Ele explicou que a humanidade tem travado uma guerra contra a natureza, a qual considera “um suicídio”. O secretário-geral realçou que a natureza sempre revida e isso já acontece com força e fúria crescentes.
Acordo de Paris
A interação virtual com estudantes, acadêmicos e representantes da sociedade civil aconteceu a 10 dias do encontro de líderes internacionais para marcar o quinto aniversário do Acordo de Paris sobre mudança climática.
Em relação à emergência, Guterres ressaltou três imperativos. O primeiro é a necessidade de alcançar a neutralidade global de carbono nas próximas três décadas. Depois alinhar as finanças globais ao plano mundial para a ação climática.
Por último, apostar na adaptação para proteger o mundo dos impactos do clima, em especial as pessoas e países mais vulneráveis.
Guterres disse que, no próximo ano, nações que representam mais de 65% das emissões globais de dióxido de carbono e mais de 70% da economia mundial terão assumido compromissos ambiciosos com a neutralidade de carbono.
Coalizão Global
De acordo com ele, deve-se transformar esse impulso em um movimento. As Nações Unidas têm como objetivo central para 2021 criar uma Coalizão Global pela Neutralidade do Carbono.
Guterres acredita firmemente que 2021 seja “um novo tipo de ano bissexto, de um salto quântico em direção à neutralidade de carbono.”
É preciso ação urgente em escala global e proteger os mares e oceanos do mundo das várias pressões que enfrentam.
Segundo ele, cada país, cidade, instituição financeira e empresa deve adotar planos de transição para zerar as emissões líquidas até 2050.
Guterres recomendou que medidas mais firmes sejam tomadas agora, para que os países estejam no rumo certo para alcançar essa visão “cortando as emissões globais em 45% até 2030, em comparação aos níveis de 2010”.
Tecnologia
O secretário-geral destacou que consumidores, produtores e investidores também devem fazer sua parte. Ele citou vantagens como tecnologia, análises econômicas e o baixo custo de produção de energias renováveis se comparado às usinas de carvão.
O chefe da ONU disse que diante da atual perda de empregos, a transição para energia limpa ajudará a criar 18 milhões de postos de trabalho até 2030. Nesse processo, ele considera essencial uma transição justa reconhecendo os custos humanos da mudança energética.
Alternativas como proteção social, renda básica temporária e requalificação e serviriam para apoiar os trabalhadores e amenizar mudanças causadas pela descarbonização.
Ele alertou ainda que perante o cenário de aquecimento de 1,2º Celsius, de eventos climáticos extremos e da volatilidade sem precedentes o mundo caminha para um aumento de temperatura entre 3º e 5º Celsius neste século.
Oceanos
Ele destacou ainda a realização em Lisboa da Conferência do Oceano “para proteger e melhorar a saúde dos ambientes marinhos do mundo”. Com o evento previsto para 2021 “é preciso ação urgente em escala global e proteger os mares e oceanos do mundo das várias pressões que enfrentam”.
No pronunciamento, o secretário-geral realçou que as 9 milhões de mortes pela poluição do ar e da água superam em mais de seis vezes o total de óbitos na pandemia. Ele destacou que esses fatores e o nível das emissões reduziram por algum tempo nos bloqueios devido à Covid-19.
Missão determinante para o Século 21 é fazer as pazes com a natureza.
Mas lembrou que os níveis recordes de dióxido de carbono ainda permanecem e têm aumentado e chegaram a atingir 148% dos níveis pré-industriais no ano passado. Em 2020, a tendência de alta continuou, apesar da pandemia.
Século 21
Guterres aponta como missão determinante para o Século 21 “fazer as pazes com a natureza”. Ele considera que essa é prioridade máxima para todos, em todos os lugares. Para tal, apontou a recuperação da pandemia como uma oportunidade.
O secretário-geral disse que uma possível vacina é uma esperança, mas realçou que esta não existe para o planeta que “precisa de um resgate”. Em momento de superação da pandemia, ele apelou o mundo a evitar “o cataclismo climático” pediu que se restaure o planeta.
(Via ONU News)
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