Helen Brito

Saiba como promover a sustentabilidade na indústria de eletroeletrônicos e eletrodomésticos por meio da economia circular

O conceito de economia circular tem ganhado destaque como um fator fundamental para promover a sustentabilidade. Esse modelo econômico busca não apenas minimizar resíduos e seus impactos, como também maximizar o valor dos recursos ao manter o uso prolongado de produtos, materiais e componentes de diferentes setores.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2022, o volume de resíduos eletrônicos alcançou a marca de 62 milhões de toneladas no quadro global. Entretanto, apenas cerca de 22,3% desse montante foi devidamente coletado e reciclado, o que equivale a aproximadamente R$ 309 bilhões em recursos naturais não aproveitados. Esta situação não só compromete a contabilidade desses recursos, mas também aumenta os riscos de poluição.

Com isso, dentro da indústria de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, a implementação da economia circular se torna fundamental. Essa abordagem tende a desconsiderar o modelo linear de “produzir, usar e descartar” e adotar práticas que valorizem a redução, reutilização e reciclagem desses produtos, minimizando assim os efeitos negativos ao meio ambiente.

Produtos obsoletos, muitas vezes descartados prematuramente, contribuem para a crescente montanha de e-resíduos, enquanto a extração de matérias-primas continua a exercer pressão sobre o meio ambiente. Ações ambientalmente conscientes são capazes de reduzir os impactos ambientais e oferecer oportunidades significativas para inovação e eficiência.

Estratégias para empresas:

  • Design sustentável: desenvolvimento de designs de produtos com foco na facilitação da desmontagem, reciclagem e padronização na produção.
  • Serviços de reparo: oferta de assistência técnica, reparos e reposição de peças para prolongar a vida útil dos produtos.
  • Responsabilidade do fabricante: promoção da responsabilidade do fabricante ao longo do ciclo de vida do produto.
  • Infraestrutura sustentável: investimento em infraestrutura para a correta disposição de componentes naturais, visando a sustentabilidade.

Ações para consumidores:

  • Consumo consciente: adoção do consumo consciente, favorecendo produtos com alta durabilidade e provenientes de fornecedores que integram práticas ESG como parte fundamental de sua operação.
  • Priorização de produtos reciclados: priorizar produtos que tenham passado por processos de reciclagem, contribuindo para reduzir a demanda por matéria-prima e promovendo a economia circular.
  • Reciclagem domiciliar: engajamento na prática da reciclagem domiciliar, realizando a separação e descarte adequados dos resíduos para facilitar a logística reversa.
  • Participação em programas de descarte responsável: participação ativa em programas de descarte responsável, utilizando pontos de recebimento especializados disponíveis para diferentes tipos de resíduos, como o da ABREE para eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

Essas práticas oferecem benefícios não apenas para o meio ambiente, mas também para a qualidade de vida humana, possibilitando a redução de resíduos, conservação de recursos naturais e prevenção da contaminação da água.

Além disso, tendem a promover, cada vez mais, a inovação entre as empresas, visando a competitividade no mercado global por meio da criação de propostas e ações sustentáveis. Investir na transição para a economia circular é uma escolha inteligente e responsável para o futuro de nosso planeta e de nossa economia.

*Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Gestão de resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos: uma necessidade urgente

O descarte responsável de equipamentos eletroeletrônicos e eletrodomésticos desempenha um papel fundamental na redução do impacto ambiental negativo e na preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.

De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), projetava-se que o faturamento do setor alcançaria a cifra de R$ 204,2 bilhões ao finalizar o ano de 2023. Isso reforça a necessidade premente da gestão adequada desses tipos de resíduos.

Produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, como notebooks, micro-ondas, celulares, geladeiras, entre outros, contêm substâncias nocivas.

Quando descartados de forma inadequada, podem contaminar o solo, a água e o ar, resultando em danos irreversíveis ao meio ambiente e à saúde humana.

A negligência na disposição desses materiais contribui para a poluição, perda de biodiversidade e degradação dos ecossistemas.

Portanto, é imprescindível que a sociedade adote práticas de descarte responsável. A reciclagem surge como a melhor abordagem, permitindo a redução da demanda por matéria-prima virgem.

Para resíduos específicos, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, existem pontos de recebimento dedicados, e é possível encontrar o local mais próximo no site da ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

É fundamental que os cidadãos se informem sobre esses pontos e os utilizem regularmente, evitando assim o descarte irregular e a contaminação ambiental.

A conscientização e a educação ambiental desempenham um papel fundamental na promoção do descarte responsável. É essencial que as pessoas compreendam os impactos negativos do descarte inadequado e se sintam motivadas a adotar comportamentos sustentáveis em seu cotidiano.

Além disso, os governos e legisladores têm o papel de criar políticas públicas que incentivem o descarte responsável, estabelecendo normas e regulamentações que promovam a coleta seletiva, a reciclagem e a destinação apropriada de resíduos.

Incentivos fiscais, programas de estímulo à reciclagem e medidas de fiscalização são algumas das ferramentas que podem ser empregadas para promover a sustentabilidade ambiental.

O descarte responsável de produtos é uma questão essencial para a preservação do meio ambiente e o bem-estar da sociedade.

Por meio da conscientização, da participação ativa e da implementação de políticas adequadas, podemos reduzir o impacto negativo dos resíduos e construir um futuro mais sustentável para todos.

*Helen Brito é gerente de Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Entenda como o consumidor é o elo fundamental na logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos

Na dinâmica da logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, um ponto fundamental surge quando o consumidor decide realizar o descarte adequado desses produtos. Esse passo inicial é, na verdade, o mais importante de todo o processo de reciclagem.

O consumidor detém o poder de escolha e a responsabilidade de decidir entre simplesmente descartar um eletrodoméstico ou eletroeletrônico no lixo comum, ou adotar uma abordagem consciente e sustentável. Optar pela segunda alternativa significa compreender a importância do ciclo de vida responsável desses produtos.

A decisão de descartar de forma adequada envolve a entrega dos produtos em pontos de recebimento específicos, centros de reciclagem ou em eventos de drive thru de arrecadação organizados por entidades gestoras do setor, como por exemplo a ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos).

Essa atitude não apenas evita a contaminação do solo e da água por substâncias tóxicas presentes nesses produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, mas também permite a recuperação dos recursos naturais, com a diminuição de sua utilização, como metais e plásticos, que podem ser reutilizados em novos produtos. Além disso, contribui para a redução da utilização de matérias-primas virgens e diminuição do volume de resíduos dispostos em aterros sanitários.

É fundamental que os consumidores estejam cientes do impacto positivo que sua escolha pode ter no meio ambiente e na sociedade como um todo. Educação ambiental, campanhas de conscientização e políticas públicas de incentivo ao descarte adequado são essenciais para promover e ampliar a cultura de responsabilidade e sustentabilidade.

Portanto, o passo mais importante da logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos começa com o consumidor, que é o primeiro elo da cadeia da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida de um produto. E, ao adotar práticas de consumo consciente e sustentável, desempenham um papel crucial na construção de um futuro mais verde e equilibrado para o planeta.

*Helen Brito é gerente de Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Despertando consciências: quais são os impactos da educação ambiental?

A educação ambiental exerce um impacto significativo na sociedade, moldando mentalidades e comportamentos em relação ao meio ambiente. Ao proporcionar conhecimento sobre questões ambientais, essa abordagem educacional gera uma conscientização essencial.

Portanto, incentivar essas interações entre a humanidade e o ambiente resulta em mudanças comportamentais concretas. Com isso, o primeiro efeito observado é o aumento da consciência ambiental. A população torna-se mais informada sobre os desafios enfrentados pelo planeta, compreendendo as consequências de suas ações cotidianas.

Esses aprendizados estimulam uma mudança gradual de comportamento, com a população adotando práticas mais sustentáveis. A participação ativa na conservação ambiental é outra consequência direta da educação ambiental. Comunidades e cidadãos engajam-se em iniciativas locais, que variam desde a preservação de áreas verdes até a gestão adequada de resíduos.

Além disso, indivíduos com conhecimento compreendem a necessidade de equilibrar os avanços econômicos com a preservação ambiental, buscando soluções que atendam as duas necessidades sem comprometer o futuro do planeta.

A educação ambiental também desempenha um papel vital na redução dos impactos negativos das atividades humanas no meio ambiente. Ao promover o consumo consciente, a redução do desperdício, contribui para a minimização do impacto ambiental.

Por fim, a educação ambiental promove uma sociedade mais consciente, engajada e responsável em relação ao meio ambiente. Ao capacitar as pessoas com conhecimento e inspirá-las a agir, constrói-se uma sociedade mais harmônica com o meio ambiente.

*Helen Brito – gerente de Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Colaborando com a economia circular: qual é o papel do consumidor?

A economia circular é uma abordagem inovadora que busca transformar a maneira como produzimos, consumimos e descartamos os produtos, propondo um ciclo contínuo de redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais, com o objetivo de minimizar o desperdício e potencializar a eficiência dos recursos.

Nesse contexto, os consumidores desempenham um papel crucial na condução dessa mudança, com as escolhas diárias que representam um impacto significativo no desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável.

Diante disso, na medida que os consumidores adotam novas práticas e hábitos, exercem um papel fundamental na criação de um ciclo mais sustentável para os recursos, contribuindo para a preservação do meio ambiente e para o desenvolvimento de uma economia mais satisfatória. Para isso, aqui estão algumas dicas para guiar os consumidores na colaboração com a economia circular.

  • Compra consciente: ao fazer compras, opte por produtos de qualidade e durabilidade. Escolher itens que resistam ao tempo, reduz a necessidade de substituições frequentes, causando menos impacto ambiental;
  • Escolha produtos reciclados: prefira produtos feitos com materiais reciclados. Ao apoiar esses produtos, os consumidores incentivam a demanda por matérias-primas recicladas, impulsionando uma economia circular;
  • Pratique a reciclagem: separe corretamente os resíduos recicláveis em casa e destine corretamente aqueles que possuem uma logística reversa específica;
  • Conheça os programas de reciclagem locais e participe ativamente. Por exemplo, eletroeletrônicos e eletrodomésticos possuem pontos de recebimento especializados para que ocorra sua destinação ambientalmente correta.

Além disso, estar informado sobre práticas e iniciativas sustentáveis, procurando formas de melhorar e aplicar no dia a dia são essenciais. Compartilhar conhecimento com familiares e amigos também ajuda a impulsionar boas práticas.

A educação ambiental faz muita diferença para alcançarmos um mundo mais responsável e sustentável.

*Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Quais os principais desafios da gestão da logística reversa dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos no país?

A atual realidade sobre a gestão dos resíduos sólidos no país é bastante desafiadora, pois não é um setor que não se encontra plenamente desenvolvido na maioria dos municípios brasileiros, o que também dificulta o surgimento, desenvolvimento e manutenção de empresas privadas e cooperativas de catadores legalmente habilitados para o armazenamento e tratamento de resíduos, principalmente no setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos.

O Brasil tem uma extensão territorial continental, mas uma malha logística limitada, principalmente na integração de seus estados e municípios.

Além disso, a maior concentração de recicladores que fazem manufatura reversa encontra-se nas regiões Sul e Sudeste, seguidas pelo Nordeste, com uma maior escassez nas demais regiões brasileiras.

Diante disso, podemos listar outros desafios que precisam ser superados para então avançarmos no tratamento e destinação final do setor:

  • Recuperação de materiais: a maioria dos dispositivos eletroeletrônicos e eletrodomésticos contém materiais tóxicos, tais como chumbo, mercúrio, cádmio e outras substâncias químicas perigosas, exigindo, assim, um manuseio especializado para evitar a contaminação ambiental. O aumento do consumo desses produtos torna a recuperação desses materiais ainda mais crucial e desafiadora devido ao alto volume.
  • Responsabilidade: a cada ano, o consumo aumenta e a tecnologia atrai consumidores ávidos por inovações, mas, na maioria das vezes, os produtos antigos que foram substituídos são descartados de maneira inadequada. Portanto, a reciclagem desses equipamentos requer a colaboração dos fabricantes, importadores, varejistas, distribuidores, governos, organizações não governamentais e, sobretudo, dos consumidores, a fim de fomentar uma infraestrutura adicional para lidar com o aumento na coleta e transporte dos resíduos.

Por conseguinte, a conscientização, a educação e o estabelecimento de políticas públicas sólidas e divulgação de informações pelo setor privado desempenham um papel crucial na promoção de um ciclo de vida mais sustentável para os dispositivos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, visto que a redução do impacto ambiental contribui para a edificação de um futuro mais ecológico e responsável.

O esforço de incentivar a população a fazer escolhas de empresas, produtos e serviços com responsabilidade ambiental corrobora para mudanças substanciais na sociedade.

*Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Quatro reflexões importantes para se fazer no Dia do Consumo Consciente

No dia 15 de outubro é comemorado, no Brasil, o Dia do Consumo Consciente. O propósito dessa data é sensibilizar a sociedade acerca das questões socioambientais decorrentes do consumo, tão natural a todos nós, alertando para a necessidade de produzir e consumir bens de forma mais sustentável. Além disso, busca fomentar a reflexão sobre como abordar as questões existentes, visando um futuro mais promissor.

Essa data foi estabelecida pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009, em consonância com a Agenda 2030 da ONU, que busca promover ações conjuntas com a população em prol do bem-estar futuro e da preservação do meio ambiente.

Inclusive, um estudo da Nielsen, o Estilos de Vida, de 2019, apontou que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente, com 30% dos entrevistados estando mais atentos aos ingredientes que compõem os produtos que compram.

Nesse contexto, quais ponderações significativas podem ser levantadas sobre o tema, com o intuito de promover um consumo mais consciente? E, ademais, auxiliar as indústrias e varejistas a cultivarem diálogos mais eficazes com seus clientes? Acredito que possamos listar quatro pontos fundamentais:

  1. Primeiramente, é imperativo compreender que o objetivo primordial é promover um impacto benéfico na sociedade. O ato de consumo acarreta consequências, as quais podem oscilar entre efeitos positivos e negativos. Torna-se essencial internalizar essa realidade para forjar impactos favoráveis e, simultaneamente, retificar quaisquer repercussões prejudiciais que possam ter sido engendradas;
  2. Produtos concebidos sob uma perspectiva sustentável são o futuro. Atualmente, é cada vez mais comum buscar produtos com menor impacto ambiental. Em relação a certas categorias de produtos, é mais factível adotar um consumo sustentável do que em outras. Independentemente disso, é possível sempre optar pela melhor alternativa disponível, incentivando a indústria a produzir soluções alinhadas com esse padrão de consumo. A perspectiva sustentável é o futuro, e muitas empresas já se focam nisso. Um exemplo notório é o segmento de equipamentos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, os quais, quando descartados de maneira adequada, possibilitam a recuperação de 100% de suas matérias-primas. Assim, já é viável encontrar produtos com selos verdes, fabricados com materiais reciclados, entre outras abordagens sustentáveis, mas é importante saber que mesmo aqueles que não são produzidos dessa forma podem ser descartados de forma correta, a fim de não acarretar prejuízos ao meio ambiente, e isso é algo que todos podem fazer.;
  3. Previna-se contra o desperdício. Quando um produto é passível de reciclagem, é imperativo que se efetue o seu encaminhamento para esse fim. Deste modo, ao adquirir um novo item, é crucial buscar o destino apropriado para o anterior, especialmente quando se trata de produtos como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que nem sempre gozam de pleno conhecimento quanto à sua capacidade de reaproveitamento integral. A disposição inadequada desses produtos resulta em contaminações prejudiciais ao meio ambiente;
  4. Varejistas e indústrias também podem contribuir para esse processo. É importante considerar que varejistas e indústrias podem promover incentivos à sustentabilidade, condicionando os hábitos de consumo a benefícios para os consumidores, como promoções, campanhas e ações que incentivem a compra de produtos sustentáveis, a reciclagem de produtos no final de sua vida útil e a conscientização da população.

Com essas reflexões em mente, é viável celebrar datas como essa e outras de maneira mais enriquecedora, assegurando que o consumo seja uma experiência prazerosa, benéfica e ecologicamente responsável.

*Helen Brito – Gerente de Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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O papel fundamental da população no descarte ambientalmente correto de eletroeletrônicos pós-consumo

Os resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos são algo extremamente comum em nosso cotidiano. No entanto, muitas vezes, passam despercebidos como diferentes de outros resíduos sólidos. Estou me referindo a celulares antigos, computadores, monitores, aparelhos de televisão, câmeras, entre outros. A variedade é vasta, mas a maioria das pessoas não se atenta ao fato de que seu descarte precisa ser feito de maneira diferenciada.

A Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que cerca de 57,4 milhões de toneladas desse tipo de resíduo são geradas todos os anos em todo o mundo e não recebem um descarte correto. A poluição ambiental resultante é responsável por milhões de mortes, tanto de humanos quanto de plantas e animais.

Essa poluição, mesmo originada de resíduos sólidos, pode afetar rios, solos e ar, devido a componentes que podem ser tóxicos (como plástico, cádmio, ouro e chumbo, só para citar alguns), mas que são comuns em equipamento eletroeletrônico e eletrodoméstico. Isso ocorre principalmente devido à falta de atenção no descarte correto, resultando em contaminações graves. É aqui que se revela o papel fundamental da população na preservação do meio ambiente e no tratamento adequado de resíduos.

Apesar de haver diversos aspectos relacionados à essa situação, incluindo ações governamentais, campanhas sociais e esforços de entidades, a população desempenha um papel crucial, já que o cidadão é o ponto de partida de todo processo de logística reversa e, consequentemente, é por meio dele que podemos fazer a diferença. Não é por acaso que a ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos – está sempre muito focada em orientar à população sobre os procedimentos adequados.

Ao longo do ano, realizamos diversas campanhas de arrecadação de resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, além de empreender ações institucionais e colaborar com a imprensa para divulgar os passos necessários e suas consequências. O objetivo é a conscientização que torna a população mais ativa, protagonista, e, acima de tudo, informada.

Sem a participação das pessoas, não conseguimos promover mudanças significativas, uma vez que é nelas que reside a capacidade de tornar o descarte correto desse tipo de resíduo cada vez mais rotineiro e natural. Se mais pessoas começarem a separar esses resíduos, encaminhando os eletroeletrônicos e eletrodomésticos para os locais adequados de recebimento e tratamento, teremos uma enorme quantidade de materiais retornando à indústria completamente reciclados, o que resultará numa menor utilização de matéria-prima virgem e aumento do tempo de vida dos aterros, por exemplo.

É essencial disseminar essa mensagem. Devemos valorizar o papel de cada indivíduo. Quando se trata do meio ambiente, é crucial entender que cada pessoa pode fazer a diferença.

*Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Desafios e soluções para o descarte correto de resíduos eletroeletrônicos

O Brasil é, atualmente, o quinto maior gerador de resíduos eletrônicos do mundo, segundo a pesquisa Resíduos Eletrônicos no Brasil – 2021, da The Global E-Waste Monitor 2020.

Apesar de estar nesse patamar, ainda há pouca reciclagem e descarte ecologicamente correto envolvendo REEEs (resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos) e isso se deve a uma série de desafios.

Alguns desses desafios estão ligados às políticas públicas envolvidas com o setor. Apesar de existirem acordos setoriais e decretos federais de logística reversa regulamentando a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), ainda é preciso realizar um trabalho muito grande junto ao Poder Público para que a reciclagem e a logística reversa se tornem cada vez mais comuns para a população, práticas fundamentais desses negócios.

Além disso, o mesmo trabalho de conscientização precisa ser destinado à indústria e ao comércio, mas sem o apoio governamental, dificilmente boas práticas se tornarão padrão no setor privado. Somado a isso há desafios envolvendo a própria logística reversa, como os meios de realizar coletas, transportes, armazenamentos adequados etc., considerando a extensão territorial brasileira e que todos esses processos são custosos, sobretudo quando são realizados de forma correta, sem risco ambiental e à segurança, com capacitação técnica, tecnologia desenvolvida para auxiliar processos e maquinário apropriado.

Apesar disso tudo, provavelmente o maior desafio de todos é um só: a desinformação, que aqui pode ser dividida em duas categorias. A primeira é a desinformação envolvendo os setores público e privado, que precisam se informar mais e desenvolver mais meios de como melhor aproveitar a cadeia de logística reversa em seus processos, a fim de torná-la financeiramente mais viável.

Quanto melhor se aproveita os componentes reciclados, melhor se consegue entender como lucrar com eles, mais regulamentações e leis beneficiam o setor e mais retorno é conseguido para a indústria, o saneamento público, o meio ambiente e a população.

Um bom exemplo do lucro que se pode obter aqui são empresas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos que passaram a produzir, por exemplo, computadores com plástico reciclado. Uma pesquisa recente da ONU apontou que a reciclagem de REEEs pode evitar a perda de US$ 1,7 bilhão em matérias-primas.

O segundo tipo de desinformação está mais ligado à população. A maior parte dos brasileiros sequer já ouviu falar em resíduo eletrônico. Além disso, somente 3% desse resíduo é reciclado em toda a América Latina, segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU).

Grande parte disso se deve à falta de informação sobre como descartar estes resíduos da maneira correta. Essa desinformação atinge 44% da população brasileira, de acordo com levantamento do V.Trends, hub de pesquisa e insights da Vivo. Hoje é comum que as pessoas reconheçam latas de resíduo reciclável, com cores distintas em pontos de descarte, mas pouca informação é divulgada sobre o descarte de REEEs.

Nesse caso, o Poder Público, as instituições de ensino, o setor privado, associações e a mídia são os maiores aliados potenciais de organizações que realizam logística reversa e destinação ambientalmente correta desse tipo de resíduo. Isso porque quanto maior a divulgação, mais cedo se cria uma cultura de descarte ambientalmente correto, assim como já se criou, em muitas instâncias, uma cultura de coleta seletiva de resíduo residencial comum.

É preciso chegar à população. Os resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos destinados incorretamente podem ser uma ameaça ao meio ambiente, pois geram contaminações perigosas à vida. A população precisa ter como conhecimento comum coisas como: separar esse tipo de produto dos resíduos comuns; limpar dados remanescentes em aparelhos que armazenem informação; não violar equipamentos de propósito, pois há risco de contaminação; e, acima de tudo, saber onde descartar esse tipo de resíduo.

O combate à desinformação é a solução mais importante quando falamos de descarte ambientalmente correto de resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Com informação, levamos a todas as partes, as soluções necessárias para que os outros desafios sejam superados.

*Helen Brito – Gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Como a população pode participar da logística reversa?​

A participação da população na logística reversa de equipamentos eletroeletrônicos e eletrodomésticos é de extrema importância para garantir uma destinação final ambientalmente adequada desses resíduos.

Tão importante que a legislação prevê a participação do consumidor dentro da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

A implementação desse processo ocorre por meio da coleta em pontos de recebimentos para esse tipo de resíduo, evitando o descarte em lixo comum ou na coleta seletiva convencional.

Para que a logística reversa seja efetiva, é fundamental que a população siga algumas orientações ao realizar o descarte desses produtos, como separar os equipamentos eletroeletrônicos de outros tipos de resíduos, garantir que eles estejam desligados, limpos, e descartá-los inteiros sempre que possível.

Além disso, é recomendado apagar dados pessoais contidos nos dispositivos antes do descarte, lembrando que não há como recuperar os produtos após o seu descarte.

A correta destinação dos equipamentos eletroeletrônicos e eletrodomésticos contribui para evitar a contaminação da água e do solo, uma vez que muitos desses produtos contêm componentes tóxicos, como mercúrio e cádmio.

Além disso, evita-se a poluição do ar, especialmente no caso de aparelhos que possuem gases refrigerantes, como geladeiras e ar-condicionado, que, quando vazados, podem prejudicar a camada de ozônio.

É importante ressaltar que a população não tem nenhum custo para realizar o descarte correto, visto que a logística reversa é custeada pelos fabricantes e importadores.

Ao descartar corretamente, o consumidor contribui para a preservação do meio ambiente e ainda ganha mais espaço em casa, ao se livrar de equipamentos obsoletos ou que não estão mais em uso.

A conscientização sobre a logística reversa e a participação ativa da população não devem se restringir apenas às escolas, mas se estender a empresas e a todos os lares.

Com a frequente aquisição de novos produtos tecnológicos, é fundamental que o descarte correto dos equipamentos antigos se torne um hábito, visando não apenas o benefício individual, mas também o coletivo e o ambiental.

Ao participar da logística reversa, a população contribui para o reaproveitamento dos materiais e componentes desses equipamentos na fabricação de novos produtos, promovendo a economia circular e reduzindo a necessidade de extração de recursos naturais.

Dessa forma, todos saem ganhando: o meio ambiente, as empresas e a própria sociedade, que se beneficia de um ciclo de produção mais sustentável e responsável.

*Helen Brito – gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Quais os benefícios da logística reversa ao meio ambiente?

O sistema de logística reversa dos produtos eletroeletrônicos, eletrodomésticos e seus componentes pós-consumo ganhou destaque com a publicação do Decreto Federal nº 10.240/2020, que regulamentou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

A legislação busca viabilizar o descarte e a restituição desses resíduos no setor empresarial, promovendo sua destinação final ambientalmente adequada.

A norma estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, que pressupõe deveres para os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidor final.

Nesta perspectiva, observamos que temos diversos elos envolvidos no funcionamento do ecossistema, e, consequentemente, sua atuação gera benefícios ao meio ambiente.

A reciclagem de produtos eletroeletrônicos, eletrodomésticos e seus componentes de uso doméstico proporciona a diminuição dos impactos negativos ao meio ambiente. Com o sistema de logística reversa, é possível evitar contaminação das vias, mares e rios. O manuseio incorreto dos elementos tóxicos, que podem estar contidos nesses tipos de resíduos, como chumbo, cadmio, mercúrio, podem contaminar o meio ambiente, causando até mesmo doenças graves à população.

Em uma visão a longo prazo, a destinação correta busca garantir a sustentabilidade do planeta, realizando o retorno das matérias-primas às suas ou novas cadeias produtivas. De acordo com um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), essa destinação correta pode evitar a perda de US$ 1,7 bilhão em matérias-primas que estão presentes nesses equipamentos, como televisores, geladeiras, notebooks, entre outros.

Além disso, a realização do processo de logística reversa traz benefícios para o setor econômico podendo movimentar mais de R$ 700 milhões e gerar dez mil empregos, segundo o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, do Governo Federal.

Portanto, é fundamental avançar na logística reversa visando todos os impactos positivos que ela traz para o meio ambiente e para saúde humana. A sociedade como um todo pode usufruir dos benefícios deste sistema.

*Helen Brito – gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.

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Como a educação ambiental pode ajudar a população?​

Decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República, a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).

A educação ambiental é uma área que entende os princípios e a importância do ensino da sustentabilidade. Dessa forma, ela é formada por um conjunto de práticas com foco na conscientização da sociedade e estabelecida por valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências, sendo de extrema importância para a formação de cidadãos ambientalmente informados.

Apesar de a PNEA ter como principal foco a educação formal, a esta não se restringe, visto que a educação ambiental é um segmento que busca inserir os indivíduos de forma participativa, democrática e humanista em questões ambientais para que eles sejam capazes de compreender a relevância do trabalho de conscientização, diante das necessidades sustentáveis da nossa sociedade. Além disso, estimula atitudes e soluções (humanas e industriais) que proporcionam um equilíbrio entre meio ambiente, sustentabilidade e conservação.

Hoje, questões como ESG (Environmental, Social & Governance) mostram-se cada vez mais presentes, principalmente, no âmbito corporativo. Empresas vêm a necessidade de aderirem aos critérios ambientais, trabalharem estas questões junto à sociedade, por meio da educação não formal, visando o benefício de seus impactos positivos e a melhoria de percepção dos seus investidores e consumidores.

Práticas como redução e gerenciamento de emissões de resíduos sólidos, logística reversa e reciclagem são ações capazes de engajar e conscientizar também seus colaboradores, abrindo portas para que a empresa desenvolva parcerias e se torne mais atrativa no mercado.

Nesse mesmo sentido, a formação de pessoas preocupadas com as questões ambientais, permite alcançar soluções inteligentes a partir de aspectos econômicos, psicológicos, legais, sociais, científicos, culturais, políticos, ecológicos e éticos. E colabora para que haja um aumento de iniciativas neste sentido, formando um grande ciclo de práticas sustentáveis.

Com isso, sendo aplicada de forma constante, a educação ambiental não formal contribui para o fomento de práticas de:

  • Campanhas de conscientização;
  • Palestras sobre o meio ambiente;
  • Divulgação de práticas sustentáveis;
  • Formação de grupos de discussões ambientais;
  • E cartilhas sobre educação ambiental.

Tais ações são capazes de mudar comportamento em relação à sustentabilidade, como a reflexão e diminuição do uso de recursos naturais do planeta, descarte ambientalmente adequado e estímulo ao consumo consciente.

Com isso, entendemos que a educação ambiental promove a inter-relação entre o ser humano e o meio ambiente, formando cidadãos que caminham rumo à um desenvolvimento sustentável. E, para isso, é necessário a participação de todos para a conservação do planeta, a fim de evitar danos ao meio ambiente e a saúde humana. A responsabilidade ambiental não formal é desenvolvida por meio do aprendizado, preocupando-se com o futuro da humanidade.

*Helen Brito – gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos

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Onde devem ser descartados os eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo?

Infelizmente, o Brasil tem um grande déficit quando se fala em cultura de descarte ambientalmente correto de produtos eletroeletrônicos. O consumidor não está acostumado a procurar pontos de recebimento que dão início à logística reversa dos eletroeletrônicos, ele acumula esses resíduos em casa ou descarta no lixo comum.

Apenas com informação, educação ambiental e hábitos responsáveis de consumo essa realidade mudará e a médio e longo prazo veremos o resultado desta mudança de cultura, que sempre levará em conta o impacto ambiental de atitudes antes vistas como atividades corriqueiras.

Para os consumidores participarem do processo de logística reversa, que procura reinserir os resíduos pós-consumo em novos ciclos produtivos na indústria, é necessário que apenas separem o que desejam descartar, desde fones de ouvidos e pequenos eletroeletrônicos a geladeiras, televisores e outros itens de maior porte que estão obsoletos em casa ou não funcionam mais.

Esses equipamentos não devem ser violados, pois o manuseio inadequado destes materiais pode causar danos ao meio ambiente, além do risco à saúde humana. Também, é fundamental efetuar a limpeza de todas as informações pessoais destes produtos, para proteção de dados.

Finalmente, o consumidor deve levar estes itens aos pontos de recebimento especializados, que farão o encaminhamento dos materiais para empresas de manufatura reversa, que realizam a separação e processamento para fins de reciclagem.

Por exemplo, para encontrar os pontos de recebimento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos mais próximos, basta acessar o site da ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos), digitar o CEP residencial e selecionar o produto a ser descartado para obter os endereços mais próximos.

Essas atividades estão previstas nas metas determinadas no Decreto Federal n° 10.240/2020, que regulamenta o sistema de logística reversa no setor de eletroeletrônicos, juntamente com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) com o objetivo de realizar o atendimento legal e destinação de 100% dos produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos descartados pelos consumidores.

Sendo assim, é essencial que todos os envolvidos nesta cadeia produtiva invistam esforços para que a reciclagem desses resíduos reduza os danos ambientais causados pelo descarte incorreto. Com isso, eles tornam-se promotores da conscientização, outro fator imprescindível para a ampliação de informações.

Todas essas medidas auxiliam na diminuição da utilização de matéria-prima virgem e contaminação do solo e da água, ampliando a preservação do meio ambiente.

*Helen Brito – gerente Relações Institucionais da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos