Talk-show na EXPOSIBRAM discute os desafios do ESG na mineração

Desafios da agenda ESG para a mineração no Brasil foi tema do talk-show/Foto: Murilo Gitel/Notícia Sustentável

A mineração tem papel crucial na agenda ESG (ambiental, social e de governança). Para discutir o tema, representantes de algumas das maiores companhias do país participaram do talk-show ESG Mineração do Brasil, realizado nesta terça-feira, 13 de setembro, no segundo dia da EXPOSIBRAM 2022, maior evento do setor na América Latina, na Expominas, em Belo Horizonte (MG).

Recentemente, o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) criou e apresentou à sociedade o documento “Carta Compromisso do Setor Mineral”, uma declaração pública de novos propósitos voluntários para a indústria minerária, com metas mensuráveis, verificáveis, reportáveis, críveis, alcançáveis e implementáveis, relacionados a 12 áreas:

Segurança operacional; Barragens e estruturas de disposição de rejeitos; Saúde e segurança ocupacional; Mitigação de impactos ambientais; Desenvolvimento local e futuro dos territórios; Relacionamento com comunidades; Comunicação & reputação; Diversidade & inclusão; Inovação; Água; Energia; e Gestão de resíduos.

“O ESG esteve praticamente em todos os painéis do primeiro dia de EXPOSIBRAM, o que mostra a importância dessa agenda para a sociedade e, ao mesmo tempo, o desafio que representa para a indústria”, observou a moderadora do talk-show e Coordenadora do Comitê de Acompanhamento da Agenda ESG da Mineração no Conselho do IBRAM, Ana Cunha.

Aumento da representatividade

Para a vice-presidente de Recursos Humanos da Mosaic Fertilizantes, Adriana Kupcinskas Alencar, a representatividade é um dos principais desafios do setor. “Participamos de um Grupo de Trabalho juntamente com outras empresas que têm alcançado resultados muito positivos, colocando o discurso na prática. Precisamos que o ambiente das empresas esteja aberto para implementar as metas de inclusão, envolvendo todos os stakeholders nesse tipo de discussão, um verdadeiro desafio acerca desse tema”, defendeu.

Sócio da Falconi Consultores, Dennis Alberto Glória acredita que o que chamou de “jornada ESG” tende a avançar a cada ano. “É natural que as maiores empresas encarem hoje o ESG como algo natural em suas estratégias e que, gradativamente, as pequenas e médias também passem a ser impactadas por essa agenda”.

Transição energética

O diretor de Assuntos Corporativos e Impacto Sustentável da Anglo American Brasil, Ivan de Araújo Filho, destacou que a companhia lidera um grupo de trabalho na área de energia, o qual discute com outras empresas como fazer para acelerar a transição energética.

“Amanhã (14/9) estaremos lançando aqui um guia de boas práticas de relacionamento com as comunidades, outra área importante que estamos liderando. A redução do consumo de água é outro ponto importante pelo qual precisamos nos debruçar”, acrescentou.

Reputação do setor

O luto e a luta das famílias das vítimas das tragédias de Brumadinho e Mariana foram lembrados pelo diretor de Reparação e Desenvolvimento Territorial da Vale, Marcelo Klein. “Temos empreendido todos os esforços possíveis para repararmos essa dor. Penso que ESG, talvez nada mais seja do que o cuidado com as pessoas”, afirmou. O executivo também comentou a respeito dos quatro grupos de trabalho coordenados pela companhia, que incluem áreas como gestão de resíduos e inovação.

O vice-presidente de Serviços Técnicos e Projetos da Nexa Recursos Minerais, Marcio Godoy, ressaltou que a reputação costuma ter uma relação direta com as práticas de ESG das mineradoras. “Ela foi muito abalada com as tragédias recentes, mas já temos observado uma recuperação, até por conta do nosso papel social e na transição energética, porque não haverá um futuro sustentável sem a mineração”, defendeu.

Na avaliação do presidente e CEO da Largo, Paulo Misk, a mineração desempenha um papel crucial para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões onde está instalada. “A gente tem que assumir que a mineração, hoje, é aquela atividade que vai a lugares remotos, carentes, e consegue desenvolver aquela região em nível socioeconômico, envolvendo as comunidades de forma participativa”.

Os cinco anos de inatividade da Samarco por conta da tragédia da Barragem do Fundão foram lembrados pelo diretor de Projetos e Sustentabilidade da companhia, Reuber Koury. “Implementamos inovações para que pudéssemos dispor os rejeitos em conformidade com a sustentabilidade. Saúde e segurança do trabalho é uma área que tem avançado bastante em nosso grupo de trabalho, e as metas das empresas que o compõem projetam zero índice de fatalidade nos próximos anos”, estimou o executivo.

*O editor do Notícia Sustentável viajou à Belo Horizonte à convite da BAMIN. 

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