Mundo precisa triplicar geração de energia renovável até 2030

Análise da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) reforça a necessidade de acelerar investimentos em geração renovável para limitar aquecimento global em 1,5oC neste século.
Análise da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) reforça a necessidade de acelerar investimentos em geração renovável para limitar aquecimento global em 1,5ºC neste século/Foto:  CHUTTERSNAP/Unsplash

Por ClimaInfo

Um relatório divulgado na segunda-feira, 30 de outubro, em Abu Dhabi (Emirados Árabes), durante a Pré-COP28, ressaltou a urgência de governos e empresas de expandir as fontes renováveis de energia nesta década como caminho para viabilizar os compromissos climáticos do Acordo de Paris.

Publicado em conjunto com a Presidência da COP28 e a Aliança Global de Energias Renováveis (GRA), o documento recomenda que a capacidade mundial de geração renovável triplique até 2030 para pelo menos 11 mil GW, ao mesmo tempo em que as melhorias médias anuais de eficiência energética devem ser duplicadas nesse mesmo período.

Sem investimentos novos e substanciais nas energias renováveis, o caminho para o limite de 1,5ºC de aquecimento pode ser inviabilizado. “Precisamos de uma ação coordenada para triplicar a capacidade de geração renovável até 2030. Isso inclui abordar urgentemente as barreiras sistêmicas profundamente enraizadas nas infraestruturas, políticas e capacidades institucionais decorrentes da era dos combustíveis fósseis”, afirmou Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA.

O chamado foi ecoado pelo presidente da COP28, Sultan al-Jaber. “Triplicar a implantação da geração renovável e duplicar a eficiência energética estão entre as alavancas mais importantes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Apelo agora a todos para que se unam, se comprometam com objetivos comuns e tomem medidas nacionais e internacionais abrangentes para tornar nossas ambições uma realidade”, disse.

A expectativa da Presidência da COP é criar um momentum em prol de um acordo sobre objetivos de energia renovável durante as negociações de Dubai, que começam no final de novembro. No entanto, como destacou a Reuters, o problema não está nas metas renováveis em si, mas na eficácia climática delas sem estar atreladas a restrições contra o uso de combustíveis fósseis.

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Abandono gradual

Um dos tópicos mais quentes da agenda da COP28 deverá ser a proposta de abandono gradual dos combustíveis fósseis. Enquanto União Europeia e diversos países vulneráveis à crise climática defendem a medida, grandes produtores e consumidores de petróleo, como Arábia Saudita, China e Estados Unidos, tentam frear esse ímpeto.

“Sei que há fortes opiniões sobre a ideia de incluir uma linguagem sobre combustíveis fósseis e energias renováveis no texto negociado. Preciso que vocês [governos] trabalhem juntos para apresentar soluções que possam alcançar alinhamento, pontos comuns e consenso entre todas as partes”, afirmou al-Jaber, citado pela Reuters.

Sobre a questão do abandono da energia fóssil, Lara Williams traz uma reflexão interessante na Bloomberg. Em particular, ela mira o termo unabated, traduzido grosseiramente como incompensável, que caracteriza as emissões que não seriam compensadas por absorções de gases de efeito estufa.

Esse recorte tem sido apontado nas discussões como um caminho para viabilizar um compromisso global contra os fósseis, mas que mantém a possibilidade de continuar queimando esse combustível caso ele seja “compensado”. “Essa ambiguidade deixa uma enorme lacuna para a expansão contínua da produção de combustíveis fósseis sob a vaga promessa de que tudo diminuirá no futuro”, escreveu.

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Em tempo: o governo brasileiro divulgou a programação de painéis do pavilhão do país na COP28. A relação de eventos traz empresas de setores econômicos de reputação polêmica, para dizer o mínimo, quando o assunto é crise climática.

Entre as companhias que participarão das conversas no pavilhão do Brasil estão Vale, Braskem, Syngenta e, claro, Petrobras. Além dos eventos corporativos, o espaço também contará com a presença de organizações da sociedade civil depois de quatro anos de atuação paralela por conta da falta de interlocução com o governo anterior. A notícia é do Metrópoles.

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