Temperatura global está próxima de ultrapassar limite do Acordo de Paris

Média da temperatura global não atende aos limites estabelecidos pelo Acordo de Paris/Foto: Chris LeBoutillier/Unsplash

A ciência climática é clara: estamos indo na direção errada, de acordo com um novo relatório interagencial coordenado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que destaca o enorme abismo entre as aspirações e a realidade e alerta que sem uma ação muito mais ambiciosa, os impactos físicos e socioeconômicos das mudanças climáticas serão cada vez mais devastadores.

O relatório United in Science, lançado na terça-feira, 13 de setembro, mostra que as concentrações de gases de efeito estufa continuam a atingir níveis recordes.

As taxas de emissão de combustíveis fósseis estão agora acima dos níveis pré-pandêmicos, após uma redução temporária devido aos períodos de quarentena.

A ambição das promessas de redução de emissões para 2030 precisa ser sete vezes maior para estar alinhada com a meta de 1,5°C do Acordo de Paris.

Os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados. Há 48% de chance de que, durante pelo menos um ano nos próximos cinco anos, a temperatura média anual seja temporariamente 1,5°C superior à média de 1850-1900. À medida que o aquecimento global aumenta, “pontos de inflexão” no sistema climático não podem ser ignorados.

Cidades que abrigam bilhões de pessoas e são responsáveis ​​por até 70% das emissões causadas pelo homem enfrentarão impactos socioeconômicos crescentes. As populações mais vulneráveis ​​serão as que mais sofrerão, diz o relatório que dá exemplos de condições meteorológicas extremas em diferentes partes do mundo este ano.

1 em cada 5 mortes no mundo tem como causa a poluição por combustíveis fósseis

Frequência alarmante

“Enchentes, secas, ondas de calor, tempestades extremas e incêndios florestais estão indo de mal a pior, quebrando recordes com frequência alarmante. Ondas de calor na Europa, inundações colossais no Paquistão, secas prolongadas e severas na China, no Chifre da África e nos Estados Unidos. Não há nada de natural na nova escala desses desastres. Eles são o preço do vício em combustíveis fósseis da humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

“O relatório United in Science deste ano mostra os impactos climáticos tomando um caminho desconhecido de destruição. No entanto, a cada ano dobramos esse vício em combustíveis fósseis, mesmo quando os sintomas pioram rapidamente”, disse Guterres em uma mensagem de vídeo.

Riscos atuais e futuros

“A ciência climática é cada vez mais capaz de mostrar que muitos dos eventos climáticos extremos que estamos enfrentando se tornaram mais prováveis ​​e mais intensos devido às mudanças climáticas induzidas pelo homem. Vimos isso repetidamente este ano, com efeitos trágicos. É mais importante do que nunca aumentar a ação em sistemas de alerta precoce para construir resiliência aos riscos climáticos atuais e futuros em comunidades vulneráveis. É por isso que a OMM está liderando um esforço para garantir alertas precoces para todos nos próximos cinco anos”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

O United in Science fornece uma visão geral da ciência mais recente relacionada às mudanças climáticas, seus impactos e respostas. A ciência é clara: são necessárias ações urgentes para mitigar as emissões e se adaptar às mudanças climáticas.

O relatório inclui contribuições da OMM (e seus Programas Global Atmosphere Watch e World Weather Research); o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o Escritório das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNDRR), o Programa Mundial de Pesquisa do Clima (WCRP), o Global Carbon ProjectUK Met Office e a Rede de Pesquisas em Mudanças Climáticas Urbanas. Inclui declarações relevantes do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Leia aqui as mensagens principais do relatório (em inglês).

(Via ONU News)

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