Menos da metade dos bancos latino-americanos considera mudanças climáticas na estratégia

Na pesquisa, 69% dos bancos indicaram que o setor econômico visto como mais exposto aos riscos climáticos é o silvo-agropecuário, seguido pelo setor de geração de energia, com 44%/Foto: Departamento dos Estados Unidos para Agricultura/Ryan Thompson

Uma nova pesquisa com 78 instituições financeiras da América Latina e do Caribe, representando 54% do total de ativos sob gestão na região, revelou que 38% dos bancos incorporam diretrizes associadas às mudanças climáticas em sua estratégia e 24% têm uma política de avaliação e divulgação de riscos climáticos.

O estudo “Como os bancos da América Latina e Caribe incorporam as mudanças climáticas em sua gestão de riscos” foi desenvolvido pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep FI) e pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), com a colaboração da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban).

Na pesquisa, 69% dos bancos indicaram que o setor econômico visto como mais exposto aos riscos climáticos é o silvo agropecuário, seguido pelo setor de geração de energia, com 44%. Além disso, 80% dos bancos indicaram que o principal risco físico a ser incorporado em sua avaliação e gestão é a “inundação”, seguida pela “seca”, que foi mencionada por 41% dos respondentes.

O estudo observou que o setor bancário da América Latina e do Caribe tem uma grande oportunidade de avançar na avaliação dos riscos das mudanças climáticas em seus planos e estratégias, com o objetivo de aumentar sua resiliência e se preparar melhor para apoiar a transição para uma economia de baixo carbono.

Segundo o relatório final, 41% dos bancos pesquisados na região respondem que não possuem mecanismos para identificar, analisar e gerenciar os riscos climáticos.

Informação e demanda

Os autores da análise concluíram que os riscos climáticos não são gerenciados principalmente devido à falta de informação sobre o impacto financeiro das mudanças climáticas e à ausência de demandas por parte dos reguladores.

Os bancos tendem a perceber os riscos climáticos na perspectiva de como as empresas impactam o meio ambiente, e não como as empresas estão expostas às ameaças climáticas, o que é fundamental para o aumento esperado dos impactos relacionados a eventos mais extremos, afirmou o relatório.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), dada a concentração atual e as emissões contínuas de gases de efeito estufa, até o final do século, o aumento da temperatura global provavelmente excederá 1,5 ºC, acima dos níveis pré-industriais, isso virá com o aumento do nível do mar e uma maior frequência e intensidade dos impactos das mudanças climáticas.

Critérios de sustentabilidade

“Na última década, os bancos da América Latina e do Caribe avançaram na incorporação de critérios de sustentabilidade em suas diferentes áreas de trabalho. A pesquisa que foi apresentada hoje ajudará os bancos a gerir seus riscos climáticos em suas carteiras de financiamento”, disse Julián Suarez Migliozzi, vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável do CAF.

“A avaliação do risco climático é fundamental para alinhar o portfólios do setor bancário a uma economia global sustentável e equitativa no século 21, que se torna ainda mais relevante hoje considerando os efeitos da pandemia de Covid-19”, disse Eric Usher, diretor da Unep FI.

O relatório chama a atenção para as recomendações da Força Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês), assim como as oferecidas pela Unep FI com a colaboração do CAF.

Boas práticas

Segundo o Pnuma, é importante replicar iniciativas como o projeto-piloto da Unep FI com 16 dos principais bancos do mundo para desenvolver ferramentas e indicadores analíticos para ajudar a fortalecer a avaliação e divulgação do risco climático, o que será incluído no Curso Virtual “Mudanças Climáticas e o TCFD: riscos e oportunidades para o setor bancário”, da Unep FI com a colaboração do CAF.

A pesquisa revelou que 53% dos bancos utilizam o Relatório de Sustentabilidade como mecanismo para divulgar os riscos associados às mudanças climáticas, enquanto apenas 16% dos bancos relatam por meio de seus formulários financeiros regulatórios conforme as recomendações da TCFD.

Devido ao desconhecimento e pouca clareza em relação às definições relacionadas aos riscos climáticos, os autores também chamam o setor bancário da região a trabalhar no desenvolvimento de uma taxonomia que tornaria conhecidas definições comuns no setor latino-americano sobre essas questões.

(Via ONU News)

 

 

 

 

 

Este post tem sinergia com ao menos três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Para saber mais sobre os ODS, clique aqui.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*