Primeiro hub de natureza da América Latina é lançado na COP28

Painel "The Amazon Ecosystem: Reshaping opportunities for the future", no qual foi lançado o hub durante a programação da COP28 | Foto: Daniele Rodrigues
Painel “The Amazon Ecosystem: Reshaping opportunities for the future”, no qual foi lançado o hub durante a programação da COP28/Foto: Daniele Rodrigues

A EY, uma das principais empresas de auditoria e consultoria do mundo, anunciou na COP28, em Dubai, o lançamento do seu centro de soluções de negócios voltado para a criação de valor com a natureza.

O EY Nature Hub é um projeto pioneiro que visa desenvolver soluções para empresas e governos, que dependem do uso intensivo de recursos naturais, e, ao mesmo tempo, buscam criar desenvolvimento sustentável e impacto social positivo em direção à transição para uma economia de baixo carbono.

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Com gestão centralizada em São Paulo e um espaço físico em Belém-PA, estado que receberá a COP30 em 2025, contando, ainda, com um escritório de captação nos Estados Unidos, o Nature Hub terá foco em setores de difícil descarbonização, sistemas alimentares, biocombustíveis, infraestrutura, recursos naturais e sistemas de energia.

“Com o Hub, nossa missão é encontrar caminhos e soluções que não foram considerados na formação dos frameworks de sustentabilidade na última década, de forma a atuar nas principais deficiências de um mercado que se desenvolveu sem levar em conta o potencial da natureza como aliada na geração de capital financeiro. Além de projetos focados em mitigação, a iniciativa vai atuar também para desenvolver soluções de adaptação climática, um custo crescente e que vai impactar empresas nos próximos anos. O EY Nature Hub também funcionará como laboratório para escalar novas soluções que podem resolver problemas já conhecidos das organizações, que não consideraram natureza nas estratégias corporativas e nas tomadas de decisão”, explica Ricardo Assumpção, sócio-líder de ESG para a América Latina e Chief Sustainability Officer (CSO) da EY Brasil.

Clima, biodiversidade e sociedade

O EY Nature Hub pretende atuar no nexo de clima, biodiversidade e sociedade, incluindo algumas das principais dores de mercado, como riscos de cadeia de suprimentos, regulação, criação de valor com biomas e biodiversidade, combate ao desmatamento e instrumentos financeiros que possibilitem o desenvolvimento com floresta em pé.

Além disso, o hub atuará para evoluir sistemas de dados e confiança da informação, que serão fundamentais para aprimorar modelos de negócios de empresas com grande relacionamento com natureza “Nossos profissionais possuem, além de capacidade técnica, conhecimento específico de diferentes mercados e setores da economia, como indústria de alimentos e bebidas, instituição financeira, indústrias de bens de consumo, mineração, agronegócio, entre outros”, afirma Assumpção.

Descarbonização de cadeia de valor

As principais pautas que serão trabalhadas neste primeiro momento de lançamento são descarbonização da cadeia de valor de ponta a ponta, modelos de negócios de economia circular nature positive, soluções de alta integridade baseadas na natureza, transição dos negócios para incorporar natureza como solução, preservação da biodiversidade, desenvolvimento de serviços ecossistêmicos e adaptação às mudanças climáticas.

Outro diferencial do Nature Hub está justamente na capacidade de construir negócios mais positivos para a natureza e transformar a natureza em um aliado, além de proporcionar escala em soluções de ciência e inovação.

“As soluções que vamos propor pelo Hub consideram dois lados: criação de valor e redução de riscos. Posso destacar pontos como destravar valor premium para produtos sustentáveis, reduzir custos de cadeias por meio da captura do prêmio verde e desenvolvimento de negócios sustentáveis. Além do impacto financeiro, os benefícios socioambientais são fundamentais no curto e longo prazo. Não existem mais planos de negócios e planos de sustentabilidade, existem planos de negócios sustentáveis”, conta o executivo.

Dados de mercado indicam um potencial ainda não explorado em mercados de energia renovável, como hidrogênio, e um risco considerável de choque na cadeia de suprimentos e volatilidade de preços se os investimentos corretos não forem realizados. A América Latina tem ativos naturais que são solução para o aquecimento climático global.

“Esses dados nos trazem um pouco da grandeza do mercado e potenciais oportunidades nas temáticas ligadas à América Latina, sendo que essa é uma iniciativa global que vai atender o mundo todo. Dessa forma, a EY continuará apoiando os clientes a capturar o potencial, seja por meio da geração de créditos, seja por meio da transparência na viabilidade dos negócios”, reforça o executivo.

O Hub também terá o papel de conectar clientes, ciência, mercado de capitais, combinando diversas visões e pontos de vista com a inclusão de conhecimento de comunidades tradicionais e originárias, trazendo uma contribuição e direcionamento mais completos e amplificados sobre os impactos em relação a ações que as organizações tradicionalmente realizam.

Para Ricardo, “todas as organizações dependem de capital natural, responsável diretamente por 60% do PIB do Brasil, uma vez que a sociedade faz parte do ecossistema da natureza. Porém, hoje a natureza não está sendo contabilizada nas organizações, nem nas entradas (matérias-primas, clima, regeneração) nem nas externalidades negativas (contaminações, impactos sociais e emissões)”.

Outro ponto considerado chave é a construção de uma rede de parcerias locais e globais com organismos multilaterais, organizações científicas e não governamentais, startups e provedores de soluções de tecnologia.

Os relatórios de sustentabilidade servirão como mais um incentivo para as iniciativas de sustentabilidade das companhias, bem como a transparência e governança dessas ações. “Já vemos uma movimentação que impulsionará essa agenda como um todo. Temos o movimento regulatórios da IFRS ISSB, além de frameworks de avaliação e reporting como o TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures) e TNFD (The Taskforce on Nature-related Financial Disclosures)”, explica Assumpção. “Para reportar, é necessário ter a prática, e essa ser coerente e alinhada com a estratégia da companhia. O Nature Hub pode apoiar as organizações a avaliar com clareza como seu negócio impacta e influencia a natureza, além da construção de estratégias e soluções que levam em consideração a natureza na sua concepção, gerando resultados para o negócio”, completa.

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