Especialistas compartilham soluções sustentáveis de energia e água

Painel de especialistas em energia e água abriu o segundo dia de simpósio na sede da Itaipu, no Paraguai/Foto: Murilo Gitel

Abordar a interligação de energia e água com as mudanças climáticas, bem como em relação às políticas e medidas que estão sendo implementadas na mitigação e adaptação frente ao problema. Este foi o principal objetivo do painel Interligações Ambientais e Mudanças Climáticas, que abriu na terça-feira, 14 de junho, o segundo dia do Simpósio Global de Soluções Sustentáveis de Água e Energia, realizado no Centro de Recepção de Visitantes da Itaipu, em Hernandarias, Paraguai.

Organizado pela Itaipu Binacional em parceria com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Undesa), o evento contou com apresentações de organizações internacionais e nacionais/regionais de representantes de diversos países, que tiveram a oportunidade de demonstrar projetos relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 e 7.

O líder do Programa de Mitigação da Unidade de Implementação de Quadros Regulatórios da ONU,’ Gajanana Hedge, lembrou a importância das Contribuições Nacionais dos Países (NDCs) estabelecidas durante às Conferências das Nações Unidas sobre o Clima, que foram submetidas a mais de 190 países.

“Me alegra ver que muitas destas medidas já estão sendo aplicadas pela Itaipu, que não deixa de lembrar dos pequenos em seus projetos. Os grandes ajudam os pequenos, mas todos crescem juntos”, defendeu Hedge.

“É possível atingir o ODS 7”, projeta líder da Undesa

Relação clima, água e energia

O diretor do Escritório Regional para as Américas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Júlian Báez, detalhou como funciona o trabalho da agência da ONU. “A OMM produz um sistema de informações climáticas para distintos setores da economia e os governos. Nesse sentido, destaco que há uma relação direta entre energia e clima.”

Pesquisador do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA), sediado na Áustria, Peter Burek detalhou o trabalho que a organização realiza, inclusive, no Brasil. “Pesquisamos as zonas agroecológicas, identificando o potencial das plantas para a produção de biocombustíveis”, ressaltou. O especialista mencionou o projeto Globiom, um modelo global de dados da biosfera que coopera com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Descarbonizar a economia

Pascual Fernández, CEO do Canal de Isabel II, que pertence a Comunidade Autônoma de Madrid, na Espanha, observou que as mudanças climáticas são uma realidade que se entende, criticamente, a todo o planeta. “A União Europeia conta com um pacote de medidas para descarbonizar a economia nos próximos 30 anos”, destacou.

Fernández também destacou que a Espanha sancionou, em 2021, aa Lei de Mudanças Climáticas e Transição Energética da Espanha, e que Madrid e região têm a meta de alcançar 100% de produção de eletricidade por meio de fontes renováveis até 2030 – até o ano passado já haviam sido alcançados 87%.

Água e energia: simpósio defende agenda global integrada

Recursos hídricos

Chefe do Departamento de Adaptação à Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Paraguai, Nora Paéz lembrou que a variabilidade das mudanças climáticas afeta, diretamente, os recursos hídricos. Ela citou como exemplo o fato de que, em 2021, o problema reduziu a produção energética de Itaipu.

Páez comentou também sobre os mecanismos de adaptação às mudanças climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris (2015), além de citar as políticas públicas paraguaias para enfrentar o problema, como a Lei de Câmbio Climático (5875/2017). “São mecanismos importantes porque servem como um norte a ser seguido. O Paraguai tem um Plano Nacional de Mudanças Climáticas e trabalha na atualização de suas NDCs”, acrescentou.

Viva a Água

Maria de Lourdes Nunes, representante da Fundação O Boticário, destacou o programa Viva a Água, criado pela instituição em 2019, que tem o empreendedorismo sustentável como foco. “Tudo está conectado. Dois terços da energia elétrica consumida no Brasil são oriundos das hidrelétricas, que dependem da proteção da biodiversidade”.

Nunes observou que o cultivo de hortaliças requer a proteção do solo, citando como exemplo São José dos Pinhais (PR), um dos maiores produtores de hortifrutigranjeiros do Brasil. Um dos eixos do Viva Água considera a conservação e a restauração da vegetação na margem dos rios, o que contribui para garantir água de qualidade disponível por mais tempo.

Biocombustíveis da cana

Diretor do Instituto de Pesquisa em Mudança Climática (ICC), Alex Noriega alertou que a Guatemala é um dos países mais vulneráveis as mudanças climáticas na América Central, e que algumas de suas localidades estão sendo impactadas por diferentes desastres em um mesmo ano, como inundações e secas.

“Em meu país, destaco as contribuições de setores como a agroindústria do açúcar, que hoje já exporta etanol para a Europa. O país caminha para que 15% da sua geração de eletricidade seja proveniente de biocombustíveis da cana de açúcar em um futuro próximo.”

Nesta quarta-feira (15), a Itaipu Binacional promove visitas técnicas aos parques naturais apoiados pela companhia tanto no lado brasileiro (margem esquerda) como no lado paraguaio (margem direita).

O editor do Notícia Sustentável viajou à Foz do Iguaçu e a Hernandarias (Paraguai) à convite da Itaipu Binacional.

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